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9 de maio de 2011

[Indicação]: Para Não Esquecer (Clarice Lispector)

Para todos os apreciadores da arte de Lispector, "Para Não Esquecer" é leitura obrigatória. Originalmente foi publicado na segunda parte da primeira edição de "A Legião Estrangeira" (1964) sob o título de "Fundo de Gaveta". Teve sua primeira parte escrita em 1964, e a segunda, incrementada na segunda edição do livro, fora escrita quando a autora mudou-se para Brasília em 1976. A obra se constitui por 108 crônicas que poderiam se tornar um diário. Lispector comenta dentre vários assuntos o seu processo de escrever, pequenas histórias, fatos do cotidiano, pensamentos altos. Faz poesia de sua vivência, personifica fatos, atenta para a realidade. São pedaços soltos sem ligação alguma, apenas para não serem esquecidos. Clarice também faz desabafos em seu livro/diário: Dei inúmeras entrevistas. Modificaram o que eu disse. Não dou mais entrevistas. E se o negócio é mesmo na base da invasão de minha intimidade, então que seja paga. Disseram-me que nos Estados Unidos é assim. E tem mais: eu sozinha é um preço, mas se entra o meu precioso cachorro, cobro mais. Se me distorcerem, cobro multa. Desculpem, não quero humilhar ninguém, mas não quero ser humilhada.

Alguns dos mais relevantes e notáveis textos de "Para Não Esquecer"...

"Flores envenenadas na jarra. Roxas, azuis, encarnadas, atapetam o ar. Que riqueza de hospital. Nunca vi mais belas. Este então é o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que sei. E sei tão pouco como se teu enigma fosse eu. Assim como tu és meu."

"Ficaria mais atraente se eu o tornasse mais atraente. Usando, por exemplo, algumas das coisas que emolduram uma vida ou uma coisa ou um romance ou um personagem. É perfeitamente lírico tornar atraente, só que há o perigo de um quadro se tornar quadro porque a moldura o fez quadro. Para ler, é claro, prefiro o atraente, me cansa menos, me arrasta mais, me delimita e me contorna. Para escrever, porém, tenho que prescindir. A experiência vale a pena, mesmo que seja apenas para quem escreveu."

"Mas é o que o erro das pessoas inteligentes é tão mais grave: elas têm os argumentos que provam."

"Depois que descobri em mim mesma como é que se pensa, nunca mais pude acreditar no pensamento dos outros."

2 comentários:

  1. Acho que devo ter ouvido, ou até visto falar em algumas obras de Clarice, mais também não tive o interesse em ler. mais esse livro parece ser bem interessante ! E dispertou o meu interesse !

    - Boa indicação - !
    :*

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  2. Preciso ler mais algum livro da Clarice, além do que fui obrigada a ler na escola! KÇSKDÇLSA

    Beijos, Kamila.

    http://vicio-de-leitura.blogspot.com

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