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20 de maio de 2011

[Resenha]: A Revolução dos Bichos (George Orwell)

A Revolução dos Bichos, de George Orwell, é um romance histórico e de ordem sociológica que faz uma analogia à Revolução Russa.

“Lembro-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. Animal nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem comerciar. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.”

É assim que se baseia, ao menos de início, o pensamento dos bichos da "Granja do Solar" cujo prorietário é o Sr. Jones.
A história se inicia em um momento que, quando finalmente após um longo dia ele vai cambaleando se deitar, os bichos combinam uma reunião para ouvirem Major, um porco ancião e premiado, sobre o sonho visionário que tivera na última noite. Nele, os fatos aconteciam depois que o homem finalmente desaparecia. Com isso, declara em tom profético e enfatizador a necessidade dos bichos assumirem suas vidas, acabando com a tirania dos homens.

Os animais são contagiados pelos versos revolucionários e entoam apaixonadamente a canção "Bichos da Inglaterra", ensinada pelo velho Major, onde se visiona um mundo livre para os animais, sem covardias ou injustiças. Sr. Jones acorda alarmado com a possível presença de uma raposa e, com uma carga de chumbo disparada na escuridão, encerra a cantoria.
Major falece três noites após. A morte emoldura o mito e suas palavras ganham destaque nas falas dos animais mais inteligentes da granja. Os bichos mais conservadores insistem no dever de lealdade ou no medo do incerto: “Seu Jones nos alimenta. Se ele for embora, morreríamos de fome”.
Os perfis dos animais são traçados: os porcos, as ovelhas, os cavalos, as vacas, as galinhas, o burro... Todos com traços marcantes de manipulação, alienação, rigidez, ignorância, dispersão, teimosia...
A rebelião ocorre mais cedo do que esperavam. Com isso, expulsam Sr. Jones da Granja e aí então eles têm a oportunidade de reorganizarem a vida e o funcionamento da propriedade. Os porcos acabam assumindo a liderança e supervisionando o trabalho dos outros. Enquanto organizam trabalhos, também acabam estabelecendo os sete mandamentos que foram declarados pelo Major, que mais tarde será denominado "Animalismo":

“Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
O que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Nenhum animal usará roupa.
Nenhum animal dormirá em cama.
Nenhum animal beberá álcool.
Nenhum animal matará outro animal.
Todos os animais são iguais.”

Os sete mandamentos elaborados na revolução são condensados no lema “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. A síntese do “animalismo” é repetida pelas ovelhas no pasto por horas a fio.
Os porcos Bola-de-neve e Napoleão se destacam na elaboração das resoluções, sempre com posições contrárias. Os demais animais aprenderam a votar, mas não conseguem formular propostas. A pluralidade de pensamentos dá margem aos debates e às escolhas.

O livro faz uma intertextualidade no contexto histórico da Segunda Guerra Mundial, época em que foi escrito e em que George Orwell viveu momentos de perseguição por parte dos stanilistas. Na época, Stalin era aliado da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Com isso, Orwell quer nos abrir para uma percepção mais aberta e crítica da realidade, tanto de valores morais e éticos, e até mesmo questões como poder, hierarquia, dominação. Os ditadores podem estar em qualquer parte e assumir este papel a qualquer momento.
A Revolução dos Bichos faz um alarde às percepções de George Orwell sobre movimentos sociais, o poder e os indivíduos. Há uma relação entre os personagens e os membros da Revolução Russa, incluindo até mesmo o povo, sendo simbolizado por vários animais da fazenda devido à sua alienação ou incompreensão e falta de julgamento crítico dos fatos.
A questão é: como mudar os rumos da história sendo um sujeito transformador dela? Ensaiar uma precipitada revolução ou reavaliar nossos princípios? Com isso, o enredo se repete. Novos personagens, mas a herança histórica permanece. É preciso coragem, determinação, norteamento das nossas ações e conhecimento verdadeiro sobre aquilo que nos cerca. Assim, o senso crítico sempre se fará presente e não poderemos jamais sermos corrompidos ou dominados. O conhecimento nos transforma e é a única arma a qual nos dá poder para sermos donos da nossa ideia, da nossa vida, da nossa história.


(Nota: Bom!)

2 comentários:

  1. Eu tenho este, ganhei da minha sogra, hiuahiua. Só não li ainda......

    Bj.

    Vanvan - Balaio de Livros

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  2. Já tive que ler esse livro para um trabalho da escola KASJKDJAS

    Beijos, Kamila.

    http://vicio-de-leitura.blogspot.com/

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