[Resenha]: Pequena Abelha (Chris Cleave)

Vou lhe dizer: os problemas são como o oceano – cobrem dois terços do mundo.  

Pequena Abelha, obra escrita por Chris Cleave, nos conta a história de duas mulheres muito distintas cujas vidas se colidem de uma forma terrível e chocante.

O livro em si não fornece nenhuma informação clara sobre a história, prometendo aos leitores além de um enredo especial, uma trama impressionante e envolvente. Ele ainda pede para que, aqueles que já tiveram a oportunidade de lê-lo, não saiam contando exatamente o que acontece, pois segundo o autor, o encanto está sobretudo na maneira como a narrativa se desenrola. A verdade é que Chris Cleave não fez promessas em vão. O livro é maravilhoso, dotado de uma perfeição que encanta, emociona, provoca humor, e o faz refletir sobre a busca pela salvação, e sobre tantas desgraças que acontecem todos os dias tão injustamente em todo o mundo. É aquele tipo de história que te prende, na qual você não vê o tempo passar. Em algumas passagens, o leito pode até colocar-se no lugar das personagens principais, e ficar imaginando que decisão teria tomado em seus respectivos lugares. Teria essa mesma coragem? Um livro que de fato o faz refletir.  Mas saber o que ele contém pode estragar a sua experiência de leitura, por isso, vou abordar apenas alguns pontos importantes que com certeza o levará a leitura deste admirável livro.

A narração dessa obra é alternada. Um capítulo pelo ponto de vista de Pequena Abelha (ou Abelhinha, para os íntimos) – jovem nigeriana refugiada em um país estranho – e outro por Sarah – jornalista que possui uma vida tumultuosa. E são elas as nossas grandes protagonistas. 

Sarah me conquistou. Sua personalidade forte, seus atos, sua vida... tudo me fez refletir a partir de um ponto de vista crítico, como se tudo fosse real. As partes narradas por ela foram as que eu mais gostei de ler. Sua coragem e determinação também foram admiráveis. E Abelhinha, bem... ela é muito sabia. Posso afirmar que me identifiquei bastante com as duas. É uma mescla que encanta.

Esta é uma história bem contada, triste, intensa, com personagens bem reais e que prende a atenção desde as primeiras páginas, te deixando na sede de busca por mais informações.

Pequena Abelha passa rápido, mas com certeza permanece na mente do leitor durante muito tempo. Só achei um ponto negativo na trama: o seu fim. Confesso que achei o final um pouco vago. Gostaria que a trama tivesse mais um, ou dois capítulos. Saber mais sobre o que aconteceu a partir dali, pra que a história ficasse talvez um pouco mais completa. Mas isso não diminui a qualidade da história. É de fato ambicioso, arrojado e extasiante. Leiam, pois vale muito à pena!

Não é triste, a gente crescer? [...] Pensando que podemos matar todos os bandidos e salvar o mundo. Depois ficamos um pouco mais velhos, talvez da idade de Abelhinha, e percebemos que uma parcela da maldade do mundo está dentro de nós, que talvez sejamos parte dessa maldade. E então ficamos ainda mais velhos, e mais à vontade, e começamos a nos perguntar se aquela maldade que vimos em nós é realmente tão má assim, afinal. 

 (Nota: Excelente!)