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8 de junho de 2016

Literatura no Brasil: Simbolismo (1893)

Finalmente chegamos na fase em que a produção literária no Brasil deixou contribuições significativas para as grandes inovações que iriam ocorrer no século XX, no domínio da poesia. Estou falando do Simbolismo, cuja influência é advinda da obra de Charles Baudelaire, poeta pós-romântico considerado percursor da poesia moderna. E assim eu abro mais um post da série Literatura no Brasil.

Ilustração. Fonte: Google.
As primeiras manifestações simbolistas no Brasil já eram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX. Apesar disso, foram as obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), publicadas em 1893, apontadas como o marco introdutório do movimento no país. Ambas são de autoria de Cruz e Sousa (1861-1898), considerado o maior autor simbolista do país.
Conheça algumas características do Simbolismo:
Pessimismo e dor de existir; linguagem vaga; abundância de metáforas e comparações; antimaterialismo; misticismo e religiosidade; interesse pelas profundezas da mente humana; interesse pelo noturno, mistério e morte.

Cruz e Sousa também é lembrado como um dos maiores poetas nacionais de todos os tempos. Sua obra apresenta diversidade e riqueza. De um lado, encontram-se aspectos herdados do romantismo, como o culto da noite, certo satanismo, pessimismo e morte. Do outro, há certa preocupação formal, como o gosto por sonetos, o verbalismo requintado e a força das imagens.

A trajetória da obra de Cruz e Sousa parte da dor de ser negro, em Broquéis, e chega à dor de ser homem, em Faróis e Últimos Sonetos. As características mais importantes da poesia do autor são:
  1. no plano temático: morte, transcendência espiritual, integração cósmica, mistério, sagrado, angustia, sublimação sexual, escravidão, obsessão por brilhos e pela cor branca.
  2. no plano formal: imagens surpreendentes, sonoridade das palavras, predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas.
Confira abaixo um soneto de Cruz e Sousa:
Encarnação
Carnais, sejam carnais tantos desejos,
Carnais, sejam carnais tantos anseios,
Palpitações e frêmitos e enleios,
Das harpas da emoção tantos arpejos...

Sonhos, que vão, por trêmulos adejos,
À noite, ao lugar, entumescer os seios
Lácteos, de finos azulados veios
De virgindade, de pudor, de pejos...

Sejam carnais todos os sonhos brumos
De estranhos, vagos, estrelados rumos
Onde as Visões do amor dormem geladas...

Sonhos, palpitações, desejos e ânsias
Formem, com claridades e fragrâncias,
A encarnação das lívidas Amadas!

Até o próximo post!
Abraços,

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Referência: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza. Conecte: literatura brasileira. São Paulo: Saraiva, 2011.

2 comentários:

  1. Bom ler sobre esse estilo tão importante, Fran. E ainda com ênfase em um poeta da minha terra. ^^ Esse especial está mesmo incrível. Ótimo post.

    Beijos!

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  2. Lembro que quando estudei esse movimento pela primeira vez fiquei impressionada com o conteúdo emocional, quer dizer o sentimento carregado que ele me passava, sei lá um sentimento de insatisfação, de tristeza. Enfim gosto não, prefiro o que me coloca pra cima. Mas entendo a importância do mesmo.
    Estou amando essas postagens, parabéns pela ideia e dedicação na pesquisa e escrita da postagem. Beijos linda!!!

    Leituras, vida e paixões!!!

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