Título: A Metamorfose
Autor: Franz Kafka (Tradução de Modesto Carone)
Autor: Franz Kafka (Tradução de Modesto Carone)
Edição: 2
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 104
ISBN: 9788571646858
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 104
ISBN: 9788571646858
"Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto. Estava deitado sobre o dorso, tão duro que parecia revestido de metal, e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em duros segmentos arqueados, sobre o qual a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar. Comparadas com o resto do corpo, as inúmeras pernas, que eram miseravelmente finas, agitavam-se desesperadamente diante de seus olhos."
É assim que se inicia A Metamorfose, de Franz Kafka, super aclamada e elogiada. Kafka possui um jeito particular de escrita com um estilo bem diferente do comum. Busca, desta forma, sempre uma crítica à fundo questionando a realidade sociológica. Fato é que essa realidade ainda é presente nos dias atuais, por isso, a obra é considerada um clássico universal.
A história se inicia anunciando uma situação inusitada: Gregor Samsa, caixeiro-viajante, acorda em seu quarto pela manhã e observa que se transformara em um inseto. A partir de então, sua vida muda completamente: deixa de trabalhar, passa a ficar isolado em seu quarto, até mesmo da própria família que, mesmo se habituando à sua nova forma, passa a ignorá-lo. Seu quarto se torna seu mundo.
Podemos extrair alguns pensamentos implícitos aqui: Gregor era uma espécie de "provedor bondoso", ou seja, era estimado e obtinha respeito da família por ser útil e contribuir em grande parte das coisas. Sendo assim, acho que se encontra uma metáfora que, ao meu ver, também estava implícita: as nuances pelas quais o ser humano passa, fazendo com que a nossa própria existência seja transformada inesperadamente mudando os mais variados conceitos, tanto para nós quanto para quem convive conosco e nos estima.
A novela, narrada em primeira pessoa por Gregor, nos fornece uma visão mais íntima de cada personagem. Ele vive com seus pais e sua irmã, que, embora evitassem pronunciar sobre o que havia acontecido, sofriam calados também, ao passo que, também queriam se ver livres daquelas situação horrorosa.
Gregor trabalhava de algo que não o realizava. Muito trabalhava, pouco vivia ou pensava. Atuava automaticamente em tarefas cotidianas, não exercendo para si o exercício de se ter críticas em relação ao mundo em que ele estava vivendo. É aí que podemos então perceber outra crítica: a escravização do início do capitalismo da sociedade e o começo do individualismo exacerbado. Chegamos então a pensar: já que ele se tornara tão automático assim, não é de nos espantarmos que ele tenha virado um inseto. É nesse momento que, na minha visão, se encontra o ponto máximo dessa narrativa.
O modo de pensar de Gregor estava tão limitado ao passo que, não houve surpresa de sua parte ao ter se transformado em um mísero inseto, em ver as transformações na sua vida e em seu próprio corpo. Aceitou isso como algo normal e anseiava muito para que todos à sua volta também o aceitassem. Outra avaliação subentendida de Kafka: o mundo é cruel para quem foge daquilo que é considerado padrão ou normal.
Bem, apesar das minhas reflexões filosóficas pós-leitura deste livro, me vi decepcionada. Claro, não deixaria jamais de reconhecer o valor inestimável que a obra possui na literatura, principalmente porque ela fornece meios de se compreender as mais variadas atuações do ser humano no meio em que vive. Certo é que eu esperava MUITO mais de um clássico considerado mundialmente. As críticas são de excelente cunho, porém, na minha visão não é nada impressionante e nem de uma leitura insaciável. A cada parte lida sempre faltava algo a mais, algo que pudesse completar aquela vontade gostosa pra uma leitura bem dinâmica.
Mesmo eu não tendo problemas com histórias fantasiosas, de modo que, de repente ele se torna um inseto, acho que um começo abrupto, quebra, de alguma forma, a expectativa do leitor em relação à obra. Enfim, mesmo com uma metamorfose dessa, irreal e metafórica, não conseguiu me convencer.
Isabella,
ResponderExcluirApós a leitura de um conto de Kafka, a minha iniciação em sua extensa obra psicologicamente aprofundada, fiquei assustada. Não é que eu não esteja habituada e/ou não goste de finais surpreendentes, mórbidos até, de certa forma, mas o final daquele conto do qual o nome não me recordo foi horrivelmente cruel.
Um homem transformar-se em uma barata, puxa... Minha professora de Literatura sempre fala da obra e descreve até, por vezes, o asco que a metamorfose causa no leitor e no próprio personagem... Fico imaginando se algo de tal cunho psicológico poderá cativar meu seleto gosto literário...
Beijinhos,
Ana - Na Parede do Quarto
Oi, tem selinho para você no blog
ResponderExcluirhttp://basicamentenecessario.blogspot.com/2011/07/mais-selinhos.html
Beijos :*
Olha, eu nunca li Kafka, mas todos realmente falam excepcionalmente bem de "A metamorfose". A sinopse muito me lembrou "A paixão segundo GH", da Clarice Lispector (que eu abandonei depois de vinte páginas), no qual a moça entra em crise existencial (?) depois de matar uma barata.
ResponderExcluirAcredito que você fez a leitura correta, relacionando episódios factuais a críticas e metáforas por parte do autor, que certamente criou toda essa história mirabolante como uma forma de representar suas ideias acerca da sociedade. Entendo a sua resistência à obra e a sua expectativa por algo mais dinâmico, mas acho que clássicos são sempre mais parados, não é? Geralmente são livros que se destacam bem mais por aquilo que sugerem e metaforizam do que pelo que se encontra claramente expresso nas linhas... De qualquer forma, é legal ver um blog não resenhando apenas literatura YA, hehe.
=*
http://livrosletrasemetas.blogspot.com/