Olá, leitores!
É com imenso prazer que trago a vocês a resenha de um dos atuais lançamentos da Arqueiro, editora parceira do blog. A Vida em Tons de Cinza me presenteou com momentos de reflexão, comoção e muito amor, que inundaram o meu ser de uma forma incrível. Por isso, gostaria de dizer que foi muito prazeroso escrever sobre ele... para que esta resenha fique ainda mais dinâmica, resolvi adicionar trechos em meio aos meus comentários, ao invés de apenas uma única passagem ao fim da mesma. Então, apreciem, e espero que gostem. ;)
Título: A Vida em Tons de Cinza
Autor: Ruta Sepetys
Edição: 1
Editora: Arqueiro
Páginas: 240
ISBN: 9788580410167
Nota: 5 de 5
Autor: Ruta Sepetys
Edição: 1
Editora: Arqueiro
Páginas: 240
ISBN: 9788580410167
Nota: 5 de 5
A Vida em Tons de Cinza, escrito por Ruta Sepetys, é uma história singular, dotada de valores admiráveis como luta, coragem e, sobretudo, perspectiva.
Lina Vilkas tem 15 anos. Lituana, apaixonada por artes e dona de um talento incomum, a única coisa que a garota almejara arduamente era estudar na capital para tornar-se uma verdadeira artista, nada mais que isso. Até então, Lina morava com seus pais e o seu irmão mais novo, Jonas, mas acaba vendo sua família se desintegrar e seus sonhos serem jogados no lixo quando a polícia secreta invade sua casa e a deporta para a Sibéria, em 1941. Os exilados, por sua vez, acusados de coisas que eles jamais cometeram, foram maltratados de formas inimagináveis e totalmente cruéis, restando-lhes apenas esperança, luta e muita fé.
''Pessoas conversavam sobre nosso possível destino. Algumas diziam que seria o quartel-general da NKVD, outras achavam que seria Moscou. Corri os olhos pelo grupo. O rosto de cada um mostrava seu futuro. Vi coragem, raiva, medo, incompreensão. Em alguns só havia desespero. Esses já tinham desistido da vida. Como seria minha expressão?''
(Pág. 32)
Lina, apesar de nova, precisa lhe dar com questões sérias, e seu espírito forte a fez enfrentar toda a situação de uma forma madura e bastante admirável. É apreciável, e para sentir cada momento com fervor é necessário ler a história aproveitando cada trecho de forma única. Identifiquei-me muito com a nossa protagonista, pois ela é dona de uma personalidade intensa e de uma maturidade que encanta, e mesmo tão jovem, foi capaz de muitas coisas por amor a sua família... amor e devoção, além da esperança inabalável de um dia todo aquele terrível pesadelo acabar.
O livro é narrado em primeira pessoa pela própria Lina. Ela relata com precisão todos os acontecimentos ocorrentes, que, muitas vezes, mesclam com pensamentos de fatos acontecidos no passado. Esse detalhe é importante para o entendimento de eventos futuros, como um quebra cabeça onde, por fim, as peças se encaixam em perfeita sintonia. Lina nos conta como foi viver em meio às tempestades, a falta de alimentos, de roupas ou de um lugar fixo para morar, subordinados a trabalhos forçados sem direito a quase nada; ela narra como foi viver submissos a doenças e aos maus-tratos dos oficiais, mas, especialmente, nos conta como foi viver sujeitos a falta de respeito e de humanidade para com aquelas pessoas que viveram o próprio inferno na terra.
A obra possui uma linguagem simples, singular e bem verídica, fluindo com bastante interesse a cada página foliada. Segundo a própria autora, muitos acontecimentos e situações compartilhadas através do livro foram relatos de alguns dos poucos sobreviventes desse longo período de guerra. Os capítulos são curtos, mas a história é densa e profunda, assim como os seus personagens. A narrativa também faz menção há grandes fatos históricos, como o ataque à base norte-americana de Pearl Harbor, e a declaração de guerra dos Estados Unidos contra o Japão, por exemplo.
Uma coisa que me chamou muita a atenção foi ver a criação de um livro que faz menção a Segunda Guerra Mundial direcionando o foco na pessoa de Stalin. A autora diz que para a criação da obra foi necessária no mínimo duas viagens à Lituânia para pesquisas e afins, e isso soa bastante instigante, uma vez que estamos acostumados a ver Hitler como enfoco nos livros que possuem uma temática semelhante. Contudo, claro, direcionando o enredo para países como Estônia, Letônia e Lituânia, não poderia ser diferente, e teríamos que ver mais sobre a antiga URSS (União Soviética) e o NKVD, que se tornou mais tarde a KGB – Serviço Secreto Soviético.
– Tadas disse a uma das meninas que o inferno é o pior lugar do mundo e que não há como escapar de lá por toda a eternidade.
– Por que Tadas falou em inferno? – perguntou papai, estendendo a mão para pegar os legumes.
– Porque o pai dele disse que, se Stalin entrar na Lituânia, é lá que todos nós vamos parar.
– Por que Tadas falou em inferno? – perguntou papai, estendendo a mão para pegar os legumes.
– Porque o pai dele disse que, se Stalin entrar na Lituânia, é lá que todos nós vamos parar.
(Pág. 129)
Entretanto, o interessante mesmo foi ler a história a partir de um pressuposto diferente, onde as pessoas tinham a esperança de que Hitler as tiraria daquela situação descabida e miserável que elas estavam sujeitas a passar, e sem motivo algum, o que é muito pior. Mas, com o tempo, elas perceberam que aquilo não passaria de esperanças vazias, que ficariam apenas guardadas em seus corações.
– Os alemães ocuparam Kiev – disse mamãe.
– O que eles estão fazendo lá? – perguntou Jonas.
– O que você acha? Matando gente. É uma guerra! – falou o careca.
– Os alemães estão matando gente na Lituânia? – indagou Jonas.
– Seu menino idiota, será que você não sabe – retrucou o velho. – Hitler está matando os judeus. E é bem capaz de os lituanos o estarem ajudando.
– O quê – falei.
– Como assim? Hitler expulsou Stalin da Lituânia – disse Jonas.
– Isso não faz dele um herói. Será que vocês não entendem que o nosso país está condenado? Pouco importa na mão de quem nós vamos cair. Nosso destino é a morte – disse o careca.
– O que eles estão fazendo lá? – perguntou Jonas.
– O que você acha? Matando gente. É uma guerra! – falou o careca.
– Os alemães estão matando gente na Lituânia? – indagou Jonas.
– Seu menino idiota, será que você não sabe – retrucou o velho. – Hitler está matando os judeus. E é bem capaz de os lituanos o estarem ajudando.
– O quê – falei.
– Como assim? Hitler expulsou Stalin da Lituânia – disse Jonas.
– Isso não faz dele um herói. Será que vocês não entendem que o nosso país está condenado? Pouco importa na mão de quem nós vamos cair. Nosso destino é a morte – disse o careca.
(Pág. 130)
A Vida em Tons de Cinza é visceral, triste e emocionante. É uma verdadeira história de amor e esperança, dotada de primorosos exemplos de caráter e de uma compaixão incomum, de cunho inspirador. Mais uma vez nos colocamos na pele de pessoas que enfrentaram épocas terríveis em meio às guerras, na mão de pessoas desumanas e totalmente cruéis, e através disso podemos refletir verdadeiramente e pensar que, esta, não é apenas uma obra de uma leitura incrível, mas também uma narrativa baseada em uma história real. Emociona sim, e mais ainda por saber que, infelizmente, todas essas coisas de fato aconteceram, comovendo ainda mais os corações dos leitores que depositam seu tempo para viver com Lina um pouco de tudo que ela passou. Por isso, leiam este livro incrível! Vocês não se arrependerão nenhum minuto se quer dedicado a esta obra singular, admirável e tão bem elaborada.
Nossa Fran...
ResponderExcluirSuas resenhas são tão bem escritas, tão rica em detalhes que chego a ficar envergonhada quando peço para você ler alguma minha :x
Já escutei/li a respeito deste livro, mas confesso que sempre fico com aperto no coração quando leio sobre histórias que abordam o sofrimento, mas também a fé e a coragem de pessoas que passaram por maus bocados por causa da época e circunstâncias que viviam...
Triste, mas real.
Parabéns pela resenha.
Ficou ótima! De verdade!
Beijinhos!
Daniela / @daride
Amei a resenha.
ResponderExcluirEu já tinha visto esse livro e até li algumas resenhas mas nunca me chamou tanta atenção.
Sua resenha ficou muito bem escrita e despertou meu desejo de ler o livro.
Gosto muito de livros que tem a guerra como temática, e esse parece que ainda traz uma lição. Quero ler.
Bjo
Muito lindo esse livro. Mais ainda não tinha visto falar sobre ele.
ResponderExcluirAdorei a capa :D
Beijos:*
Natalia.
http://musicaselivros.blogspot.com/
Gostei muito de sua resenha! Não vejo a hora de começar esse livro, pois parece ter uma narração maravilhosa! :)
ResponderExcluirBeijinhos, :*
www.primeiro-livro.com
Livros com essa temática são de fato muito interessantes. A vontade de ler aumentou quando vi que se passava nos Bálticos, especificamente na Lituânia. Já li um livro que abordava a guerra, no mesmo período que esse e boa parte da história se passava lá. Acho muito, muito legal mesmo. E agora fiquei curiosa! Mas você, hein, Fran? Mais um para a já-estupidamente-enorme lista de livros para ler.
ResponderExcluirEnfim.
Belle ;*
Ótima resenha! Mais uma indicação sua que irei conferir, até por ter um tema que me instiga bastante.
ResponderExcluirAhh, Fran (posso te chamar assim?), porque você teve que resenhar esse livro? To super interessada nele e sua resenha só me deixou mais curiosa. To numa fase super assim, prescisando me emocionar, haha. Mas sinceramente, essa historia parece ser incrivel. Tantos fatos historicos...
ResponderExcluirA arqueiro ficou de mandar esse livro para mim, espero que chegue logo para eu me deliciar!
Beijos
Mulher gosta de falar
Com uma resenha dessa, qualquer livro se torna "meta de leitura". uahsduahdudhau'
ResponderExcluirSó uma duvida: essa editora arqueiro é a antiga sextante né? .-.