Existe, sim! Ao menos para mim.

Para início de conversa, quero deixar claro que não sou apegada ao vínculo que existe entre um livro e sua adaptação. Acredito que ambos possuem formatos diferentes, e que, justamente por isso, jamais serão 100% iguais. Afinal, traduzir literatura para cinema não deve ser um trabalho fácil. 

Ainda assim, já que as adaptações cinematográficas levam os livros às telonas, esse reflexo não só acaba existindo, como também é difícil dissociá-lo. É por isso que eu gostaria de dividir com vocês uma experiência recente que tive, onde, pela primeira vez em muitos anos, eu cheguei a conclusão que o filme é melhor que a trama original. Estou me referindo a obra de Robert James Waller.

Imagem promocional de "As Pontes de Madison".

Em As Pontes de Madison, Robert Kincaid é um fotógrafo que vai até Madison County com a missão de registrar as belíssimas pontes da cidade. Lá ele conhece Francesca Johnson, uma mãe de família que está a espera dos filhos e do marido, que acabam de sair em viagem. Enquanto Robert é um homem aventureiro, Francesca tem uma vida pacata e por isso não possui grandes perspectivas.

Conhecer Robert acendeu em Francesca uma chama quase que inevitável. Desde o primeiro encontro dos dois, a atração e o sentimento de admiração por ele a fez cultivar sensações desconhecidas, levando-a a um intenso romance que durou somente quatro dias. Um romance clandestino, inadequado, mas capaz de mudar os corações maduros dessas pessoas.

Clint Eastwood estrelou como Robert Kincaid e Meryl Streep atuou como Francesca Johnson.

Livro e filme possuem uma ótima sintonia, embora a narrativa da adaptação tenha apresentado mudanças significativas na ordem de algumas cenas, para melhor adequar-se. O que não foi apenas pertinente, como também deixou a trama mais fluida e mais bem contada. Graças a isso, temos ainda em evidência a consternação dos filhos de Francesca, sobrepostos ao do casal principal, o que deu um toc mais emocionante à história – vale ressaltar que tanto o livro quanto o filme contam com flashbacks e saltos no tempo. 

O que me mais me atraiu na história foi a forma intensa como esse sentimento é transmitido; contado com tanta verossimilhança, que nos leva a refletir a pensar decisões por eles. Trata-se de uma condição difícil, uma vez que suas vidas são conduzidas sobre bases bem diferentes. Mas toda essa intensidade e emoção eu só consegui sentir e vivenciar a medida que as cenas do filme iam se desenrolando... com o livro eu só assimilei toda essa sensação ao final, após o término da leitura.

O filme é de 1995, e foi dirigido pelo próprio Clint Eastwood. O roteirista foi Richard LaGravenese.

Não acredito que isso tenha a ver com o fato de que eu já sabia o desfecho da trama quando assisti o filme. Isso porque, após a leitura, eu nem estava mais cogitando assistir a adaptação. Só o vi porque alguns amigos insistiram (ainda bem!!!), para ser sincera. Justamente por isso resolvi conferir sem grandes expectativas, bem tranquila e à toa. Quando percebi, estava chorando. E isso não ocorreu quando realizei a leitura, como aconteceu com várias pessoas (sim, eu fiquei emocionada e triste, mas não havia chorado... até ver o filme).

Enfim, independe do fato de eu ter apreciado mais a adaptação do que a obra original, ambos compõe a base para uma série de reflexões sobre a vida e as decisões que ela nos leva a tomar; sobre o amor; sobre os nossos relacionamentos; e sobre as demonstrações de afeto e respeito que temos (ou deveríamos ter) para com aqueles que vivem diariamente ao nosso redor. As Pontes de Madison é tudo isso... um romance tão real que chega a ser cruel. Mas que vale muito a pena ser apreciado.


4 Comentários

  1. Ótimo. Alguns produtores de cinema realmente sabem como tornar a história muito melhor do que já é. Acredito que a série Diários de Um Vampiro também se saiu bem melhor que a narrativa original. Harry Potter é outra saga que pode-se dizer que a adaptação para o cinema foi no mínimo tão boa quanto o livro. ;)

    http://vestigiodelivros.blogspot.com.br/

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  2. Concordo plenamente com o seu post, eu já vários filmes que superam o filme sim. Aliás, eu não acho um melhor que o outro, são duas obras se completam.
    Mil beijos!
    http://pensamentosdeumageminiana.blogspot.com.br/

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  3. Antes de tudo, Fran, preciso dizer que concordo com você de que existem sim filmes melhores que os livros que os basearam. Claro que existem adaptações que nem merecem ser chamadas assim, e é normal ficarmos chateados com mudanças ou até omissões de passagens e personagens que gostamos muito. Mas como você bem mencionou, são mídias diferentes e não deve ser fácil fazer a transição de um para o outro. Não li nem assisti As Pontes de Madison ainda, mas também já tive experiências em que o filme foi melhor que o livro, como Stardust e As Aventuras de Pi. E também acontece com séries, já que a versão televisiva de The 100 é bem melhor que a original. Enfim, ótima pauta e texto.

    Beijos!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  4. Amiga concordo com vc sobre não ficar me preocupando se o filme será ou não fiel ao livro. Relaxo e tento aproveitar ambos.
    Esse filme em especial vi anos atrás e lembro que gostei muito e também me emocionei. Fiquei com vontade de rever.
    Adorei saber sua opinião sobre ele. Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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