Dando continuidade ao mesmo período explanado no post anterior dessa série, onde o foco foi o Realismo, hoje iremos conversar um pouquinho sobre o Naturalismo. Vale relembrar que essas expressões, somadas também ao Parnasianismo, deram início na metade do século XIX, na Europa, graças às mudanças que vinham ocorrendo nos setores filosóficos, científicos, políticos e culturais.

Ilustração. Fonte: Google.

Em paralelo ao Realismo, o romance naturalista no Brasil vinha tomando forma com o intuito de apresentar provas sobre teorias científicas a respeito do comportamento humano. Para tanto, escritores naturalistas utilizavam o conhecimento da biologia, da psicologia e da sociologia, afim de explicar casos patológicos que muitas vezes fugiam da realidade brasileira.

Apesar disso, foi o Naturalismo que, pela primeira vez, pôs o negro discriminado, o pobre, os excluídos, e os indivíduos vitimados por doenças físicas e mentais em primeiro plano. Ademais, retomou temas como o celibato, mas tudo sob a ótica científica da época.
Principais características do Naturalismo:
Linguagem simples; impessoalidade; presença de palavras regionais; descrição e narrativa lentas; objetivismo científico; despreocupação com a moral; temas de patologia social; determinismo.

No Brasil, a primeira obra naturalista publicada foi O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo. A obra conta a história de um amor proibido entre Ana Rosa, uma jovem branca, e Raimundo, seu primo mulato. A trama alcançou tamanha popularidade, que até permitiu ao autor viver exclusivamente de literatura.

Aliás, Azevedo (1857-1913) foi a principal expressão naturalista no país. O ponto alto dos seus escritos, que se encontram principalmente em O Cortiço (1890) e Casa de Pensão (1894), é a forma como ambientes, paisagens e cenas coletivas são retratadas.

Vale salientar ainda que, além de Aluísio Azevedo, outros também merecem destaque na prosa naturalista: Rodolfo Teófilo (A Fome), Inglês de Sousa (O Missionário), Júlio Ribeiro (A Carne), e Adolfo Caminha (O Bom Crioulo).

No próximo post iremos conversar um pouquinho sobre o Parnasianismo. Embora ele esteja atrelado ao Realismo e ao Naturalismo por serem expressões de uma mesma época, talvez separá-los por postagem seja o mais ideal para que tenhamos uma melhor compreensão sobre suas características individuais. Então, até lá!

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Referência: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza. Conecte: literatura brasileira. São Paulo: Saraiva, 2011.

2 Comentários

  1. É com esses seus posts que percebo o quanto realmente preciso conhecer melhor a literatura clássica brasileira, Fran. Me parece que o Naturalismo inicio na literatura o conceito de inclusão, o que me faz que saber mais a respeito. E claro, ler algumas obras. Ótimo post.

    Beijos!

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  2. Seria tão bom que os professores encontrassem formas mais interessantes de chamar a atenção dos alunos para esses temas. Suas postagens estão maravilhosas e lembrei que sempre amei literatura, mas muita gente na minha sala detestava. Para mim literatura e história sempre andaram de mãos dadas e eu amava/amo ambas.

    Acredita que até hoje lembro do enredo de O Cortiço!!??? Ele me chamou tanta atenção e marcou que se tornou um divisor na forma como eu via a vida. Esse é outro título que queria ter tempo para reler e reavaliar com minha maturidade atual. Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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