E no último post da série Literatura no Brasil iremos falar sobre a Contemporaneidade, classificada como o período (a partir de 1960) que procede as demais gerações aqui já pinceladas. Aqui, a metalinguagem, o experimentalismo formal, o engajamento social e a mistura de tendências estéticas são alguns dos traços que marcaram o início da produção contemporânea. Veremos isso agora.

Ilustração. Fonte: Google.

Poesia
A poesia tem como principais representantes os poetas Ferreira Gullar e Thiago de Melo. Foram eles os autores mais engajados no Brasil nas décadas de 1960 e 1970, no contexto do regime militar e das ditaduras latino-americanas em geral.

Nessa época, Ferreira Gullar passou a abordar temas de interesse social, como a Guerra Fria, a corrida atômica, o neocapitalismo, o Terceiro Mundo etc. Com o autoritarismo político em 1968, o autor realizou trabalhos voltados para a poesia de resistência. Além disso, tem contribuições à cultura brasileira ainda nos domínios da dramaturgia e da ensaística. Já Thiago de Mello destaca-se pelas poesias de luta contra a opressão, o amor à terra e à Amazônia, o sentimento de alteridade, a solidariedade aos oprimidos e a alegria de viver.

As últimas produções literárias em nossa literatura, da década de 1970 até o início do século XXI, não receberam ainda um estudo aprofundado por parte de historiadores e críticos literários. As razões são a falta de distanciamento histórico, e a dúvida sobre a qualidade dessa produção em virtude das condições históricas de censura. Será por isso que a poesia vem perdendo espaço desde então?

Prosa
A ficção brasileira a partir da década de 1960 traz a visão de um mundo mais complexo e fragmentado. Nesse período, a crônica passa a ser amplamente difundida em jornais e revistas, revelando autores como Jô Soares, Walcyr Carrasco, Mário Prata, dentre outros. Com isso, ela foi abandonando o caráter jornalístico e passou a se voltar ao cotidiano até penetrar na ficção.

O romance, por sua vez, desdobra-se em diferentes linhas, indo do policial ao psicológico, histórico e memorialista, dentre vários outros gêneros. Em linhas gerais, ele enriqueceu, diversificou e inovou-se por meio de abordagens mais realistas, onde temas diversos de nossa sociedade passaram a ser introduzidos com técnicas originárias da linguagem cinematográfica.

Já o conto foi submetido a radicais transformações, como, por exemplo, o enriquecimento temático proporcionado pela contribuição da literatura regionalista. Esteticamente falando, o conto passou a ser mais instantâneo e fotográfico, com episódios ricos em sugestões, flagrantes atmosféricos mais intensos e casos densos de significação humana.

Alguns importantes autores contemporâneos:
Ferreira Gullar;
Mário Faustino;
Dalton Travisan;
Rubem Fonseca;
Paulo Leminski;
João Ubaldo Ribeiro;
Luís Fernando Veríssimo;
Hilda Hilst.


Acho importante relembrarmos nossa origem literária, ainda que ela seja de difícil compreensão. É por isso que eu resolvi pincelar as nossas gerações, citar os principais autores e mencionar as obras que marcaram época. Portanto, espero sinceramente que você tenha gostado de acompanhar essa série, pois ela foi feita com muito carinho.

Se você perdeu algum post, basta conferir clicando aqui.
Até mais!

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Referência: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza. Conecte: literatura brasileira. São Paulo: Saraiva, 2011.

Um Comentário

  1. Nem sei dizer o quanto gostei essa série, Fran. Fizesse um trabalho maravilhoso apresentando as diversas fases da literatura brasileira de um jeito leve e compreensível. E ainda foi um grande estimulo para conferir mais livros nacionais, só falta eu correr atrás. Ótimo texto para fechar com chave de ouro essa ótima série.

    Beijos!

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