O segundo post da série "Literatura no Brasil" trata-se dos principais marcos acerca da produção literária no Brasil-Colônia, e sobre sua primeira grande periodização: o Quinhentismo (1500). Aqui destacam-se Pero Vaz de Caminha, Pero M. Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e José de Anchieta, como principais autores.

Representação no Quinhentismo no Brasil. Fonte: Google.

A literatura brasileira nasceu no período colonial, que, aliás, durou por mais de três séculos. Nessa época, ainda não existiam as condições básicas para o amadurecimento da literatura, uma vez que não haviam leitores ativos e/ou grupos de escritores. Além disso, o Brasil ainda não contava com uma vida cultural disseminada... tampouco gráficas ou liberdade de expressão.

Em outras palavras, é difícil precisar o momento em que a produção cultural aqui no país tornou-se independente. Por essa razão, a literatura produzida no Brasil até meados do século XVII é conhecida por manifestações literárias, que só passou a caminhar com suas próprias pernas após a independência  (1822) – e um dos motivos foi a emergência do espírito de nacionalidade.

De acordo com historiadores, o primeiro texto escrito em nosso país é a 'carta' de Pero Vaz de Caminha (escrivão português), em 1500. Ela e muitos outros textos posteriores, todos escritos em prosa, foram chamados mais tarde de literatura de informação. O objetivo era narrar e descrever as viagens ao Brasil para informar tudo que pudesse ser do interesse dos governantes portugueses.

Essa literatura quinhentista, hoje, possui apenas valor histórico. Ainda assim, deixou como herança uma leva de temas para serem explorados mais tarde por artistas brasileiros, como os índios, as belezas naturais, nossa origem, dentre outros. Segue abaixo algumas das principais produções de literatura informativa no Brasil do século XVI.
  1. a carta, de Pero Vaz de Caminha;
  2. o diário de navegação, de Pero Lopes de Sousa (1530);
  3. o tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa (1587);
  4. as cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros séculos de catequese.
Quem também deixou muitos registros no Brasil, através de cartas, tratados, crônicas e poemas, foram os jesuítas vindos ao Brasil com a missão de catequizar os índios. Obviamente, toda essa produção está ligada à intenção catequética de seus autores. Dentre eles destaca-se o padre José de Anchieta, um espanhol que veio ao país para trabalhar com o padre Manuel da Nóbrega.

Anchieta representa parte da melhor produção literária quinhentista. Escreveu poesia religiosa, poesia épica, crônicas histórias e uma gramática tupi. Também foi autor de peças teatrais e participou da fundação das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Sua produção possui influência do modelo literário medieval, e seu alvo central era o índio. Abaixo, um trecho de "Em Deus, meu criador".

Contente assim, minha alma,
do doce amor de Deus
toda ferida,
o mundo deixa em calma,
buscando a outra vida,
na qual deseja ser
toda absorvida.


(José de Anchieta)

No próximo post da série "Literatura no Brasil", conversaremos um pouco sobre o Barroco e a sua arte indisciplinar. Até lá!
Abraços,

 
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Referência de consulta: CEREJA, William Roberto. Conecte: literatura brasileira. São Paulo: Saraiva, 2011.

2 Comentários

  1. Com esse seu post me dei conta do quanto nossa literatura é jovem, Fran. E a forma como nosso país foi descoberto e ainda demorou a se tornar independente está diretamente ligada a isso. Mas olha, eu nem sabia que as cartas e registros são considerados parte da nossa literatura. Mas também escreviam tão bonito né? [rs] Enfim, ótimo post e estou adorando o especial.

    Beijos!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Fran muito legal essa sua coluna, acabei recordando minhas aulas do segundo grau quando estudei história e literatura, adorava!!!!
    Muito bom ter uma visão mais ampla hoje em dia sobre o assunto, dessa forma analisamos a literatura que foi produzida no país.
    Parabéns pela ideia da coluna. Beijos

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