Título: Grito de Guerra da Mãe-Tigre
Autor: Amy Chua
Edição: 1
Editora: Intrínseca
Páginas: 240
ISBN: 9788580570465
Nota: 4 de 5
SINOPSE: As mães-tigres veem a infância como um período de treinamento. Para Sophia e Lulu, isso significa aulas de mandarim, exercícios de rapidez de raciocínio em matemática, e duas ou três horas diárias de estudo de seus instrumentos musicais (sem folga nas férias e com sessões duplas nos fins de semana). Grito de Guerra da Mãe-Tigre expõe o choque do mundo oriental e ocidental no que diz respeito à criação dos filhos. Mas é basicamente a história das expectativas de uma mãe em relação às filhas e os riscos que está disposta a enfrentar para investir no futuro de ambas.
Comentários:
Grito de Guerra da Mãe-Tigre é nada mais que um relato honesto e corajoso da própria autora, Amy Chua, sobre como é ser uma mãe radical. Por se
opor de maneira drástica aos atos praticados por pais ocidentais que ela caracteriza como indulgentes, Amy
tomou a decisão de criar as filhas, Sophia e Lulu, à moda chinesa. Só que levar isso a diante foi mais difícil do que ela esperava.
Amy Chua é filha de pais chineses, e por isso sempre recebera uma educação rígida. Além disso, viveu tempo suficiente nos Estados Unidos para acreditar que o modo ocidental de criar os filhos não os prepara suficientemente para o futuro. Foi assim que, ao constituir uma família, ela decidiu que daria aos seus filhos uma educação semelhante a que recebeu.
Em outras palavras, você precisa ter em mente que: 1) os deveres escolares são sempre prioritários; 2) um A- é uma nota ruim; 3) seus filhos devem estar dois anos à frente dos colegas de turma em matemática; 4) os filhos jamais devem ser elogiados em público; 5) se seu filho algum dia discordar de um professor ou treinador, sempre tome partido do professor ou do treinador; 6) as únicas atividades que seus filhos deveriam ter permissão de praticar são aquelas em que pudessem ganhar uma medalha; 7) essa medalha deve ser de ouro.
E não para por aí. O método chinês de criação também proíbe as crianças de dormirem na casa de amigos, de aceitarem convites para brincar; de ver televisão; de jogar no computador; de escolher atividades extracurriculares; dentre outras coisas. Parece um tanto chocante, eu sei. No entanto, de acordo com a Mãe-Tigre, esse é um mal necessário. E para provar isso ela explica os pontos positivos dessa (in)contestável educação.
Mas, o livro não é apenas isso. Ele é, na realidade, sua biografia. Um diário repleto de emoções e relatos honestos sobre como funciona o estilo chinês de criação, além do choque de culturas ao fazê-lo nos Estados Unidos. É por vezes difícil acompanhar o comportamento da mãe frente às filhas, bem como é doloroso vê-la enfrentar as dificuldades de manter suas crenças.
Sem dúvidas, uma história conflitante. Não nego que em alguns pontos me senti aflita por Sophia e Lulu, com tantas obrigações e preocupações sem receberem em troca ao menos uma palavra de carinho, ou incentivo. Ainda assim, não consegui sentir raiva de Amy, tampouco julgá-la por sua escolhas, ou pela forma. Seus relatos são tão sincera, que a única coisa que eu queria é que elas se entendessem e que se adequassem da melhor forma possível.
Ademais, gostaria de acrescentar que eu acredito numa educação com respeito e responsabilidades. Precisamos ter a noção de que, ao ensinar, tentamos fazer o certo ao nosso modo. Quando não conseguimos, continuamos tentando, mas sem criar bloqueios. Em contrapartida, eu também acredito que muito do que nos tornamos no futuro, em parte, provém do que nós somos e da nossa índole. Falo isso porque, apesar das revoltas, as filhas de Amy não se tornaram adolescentes "malucas".
Eu recomendo o livro para quem curte biografias, histórias sobre educação, ou relatos sobre diferentes culturas. Amy foi bastante corajosa em contar sua vida (de forma bem descontraída e com uma excelente escrita, inclusive), e em se expor desta maneira... até porque, ela sabe bem que muita gente não concordaria com suas ações – e a julgaria por isso. Mas ela acredita ter um propósito, e ela quer que você pelo menos tente entendê-lo. Vale muito a pena!
Acredito que essa leitura tenha sido bastante, peculiar, Fran. Lembro que há uns anos saiu uma revista cujo a matéria de capa era era algo do tipo "Mãe tigre, mas com toque de panda", e acho que era sobre Amy. Não cheguei a ler a matéria toda, mas era algo no sentido de como usar alguns conceitos da criação oriental aliada a nossa. Desde então tenho pensado bastante nisso, pois concordo que a maioria dos pais ocidentais são indulgentes mas também acho esse método chinês rígido demais. Enfim, concordo contigo sobre a coragem de Amy ao compartilhar sua história. Acho que eu leria. Ótima resenha.
ResponderExcluirBeijos!
Não é muito o estilo de livro que costumo ler, mas achei muito interessante todos os pontos que você apresentou.
ResponderExcluirRealmente essa questão de educação é polêmica porque analisamos de acordo com nosso ponto de vista e cultura em que vivemos.
Quando estudei sociologia e antropologia na universidade lembro que as professoras sempre destacavam que para tentar entender as atitudes de determinados povos precisamos tentar olhar com seus olhos, dentro de sua cultura, porque como a nossa é diferente sempre acabaremos "achando" que a nossa forma de viver é mais correta que a do outro. Enfim muito bom conhecer essa sua leitura. Beijos amiga!!!
Leituras, vida e paixões!!,