E aí, pessoal? Preparados para mais uma resenha? A da vez é de um livro cortesia enviado pela Arqueiro, editora parceira do blog, por isso não deixem de conferir!  \Õ/

Título: Heresia
Autor: S. J. Parris
Editora: Arqueiro
Páginas: 364
ISBN: 9788580410020
Nota: 4 de 5

Heresia, escrito por S.J. Parris, é um suspense histórico bastante inteligente, carregado de um conteúdo lógico que impressiona. 

Seu enredo gira em torno de Giordano Bruno, o próprio. Acusado de Heresia por suas novas crenças, e por acreditar que o Universo tem mais a nos ofertar do que todos acreditavam até então, é condenado à morte pela Santa Inquisição Romana. Para privar-se de um doloroso julgamento, e para buscar estudar e compreender melhor com a tentativa de provar o que tanto acreditava ser real, Bruno não possui muitas opções, senão fugir. É assim que ele sai do Mosteiro de San Domenico Maggiore, em Nápoles, passando por muitas cidades enquanto se escondia dos inquisidores, tornando-se assim uma das pessoas hereges mais procuradas. Após alguns anos, Bruno termina em um país que não remete obediência ao catolicismo, sendo assim requisitado a se infiltrar na rede clandestina dos católicos para descobrir o que for possível sobre quem almejam livrar seu país da rainha Elizabeth e da religião protestante. Para ocultar sua verdadeira tarefa, todos na Universidade devem acreditar que Bruno está lá apenas para participar de um debate sobre as teorias de Copérnico. Entretanto, um dos membros acadêmicos é brutalmente assassinado em circunstâncias nada convencionais. É aí que Bruno se vê envolvido por esse mistério, se dispondo a investigar o crime quando o diretor consideravelmente lhe pede para mentir sobre o caso. Acontece que outro homem morre da mesma forma, misteriosamente. É assim que na busca por informações, Bruno recorre a tudo e a todos, descobrindo coisas inimagináveis que poderiam abalar a estrutura do país.
 
Heresia carrega consigo uma parcela de um contexto histórico que de fato existiu. Mas é importante frisar que esta totalidade fatídica mescla com o suspense fictício posto pela autora. S.J. Parris fez uma pesquisa ampla para que esta obra fosse finalizada com exatidão, e é admirável o resultado, já que o romance não decepcionou. O enredo é inteligente, prende a atenção e ainda faz com que o leitor repasse em sua mente os fatos históricos ocorridos naquela época. Estamos falando aqui dos atos ocorridos no século XVI, época em que ter compreensões distintas de uma religião imposta, ou até mesmo trocar de crenças, era um crime gravíssimo. 
 
Sobre os personagens, gostaria apenas de acrescentar minha admiração por Bruno. Sua condição não o levou a desistir do que ele de fato acreditava, e isso é admirável quando falamos dos eventos ocorridos naquele período, onde tudo fora do padrão era eliminado sem receio algum. Outra pessoa na qual eu gostaria de citar é a Sophia Underhill, a filha do diretor na universidade em que Bruno de infiltrou. No início, fiquei maravilhada com a personagem, uma vez que a mesma demostrava ser uma moça forte, diferente de muitas daquela época, que tinha sede de conhecimento e que desejava ser conhecida por suas qualidades e personalidade. Contudo, acabei me enganando por completo. No fim, vi que ela não era tão diferente assim.
 
Antes de encarar a leitura, confesso ter lembrado bastante da obra do escritor italiano Umberto Eco, intitulado de O Nome da Rosa, que por ventura possui um enredo voltado em torno das investigações de uma série de crimes misteriosos, cometidos dentro de uma abadia medieval. Nele também encontramos um ambiente no qual as contradições, oposições e inquisições justificam ações humanas, as virtudes e os crimes dos personagens, que neste caso são monges copistas de uma abadia cuja maior riqueza é o conhecimento de sua biblioteca. Claro, ambos se relacionam por suas temáticas e direcionamentos, mas tornam-se diferentes, por fim. Heresia me surpreendeu, e embora tenha sido uma leitura lenta e cuidadosa, garanto que é rica, impressionante, e que vale muito a pena. É imprevisível, e te prenderá até as últimas linhas. Indicado a todos os amantes de um bom suspense, recheado de um instigante contexto histórico.


''E essa teoria secreta, mais ousada do que qualquer outra que alguém já houvesse se atrevido a formular, era conhecida apenas por mim: a de que o Universo não tinha um centro fixo, mas era infinito, e que cada uma das estrelas que eu via brilhar nesse momento no negro veludo do céu era seu próprio sol, cercado por inúmeros mundos – nos quais, naquele exato instante, seres iguais a mim talvez também estivessem observando o firmamento e se perguntando se existira algo além dos limites de seu saber.''
Pág. 08

3 Comentários

  1. adoro livros que foram fruto de pesquisas *_* dá uma sensação de ler algo mais bem-escrito, bem-planejado, né? não só aquela loucurinha meio beatnik de sair escrevendo ao léu... a arqueiro anda arrasando na escolha dos livros: os que li/li resenhas geralmente são mt bons :D
    beeijos

    ResponderExcluir
  2. Eu já vi muitas resenhas boas sobre esse livro!
    Acho muito interessante a ideia do autor pesquisar bastante antes de escrever, dá a impressão de um cuidado maior.
    A história parece ser bem mais complexa, do tipo que nos faz refletir e mergulhar de cabeça.
    Adorei a resenha!
    Beijinhos
    Michelle, Minha Bagunça

    ResponderExcluir
  3. Que livro...
    Fiquei bem interessada nele, pela capa e pela história em si.
    Estarei dando uma olhada nesse filme que você citou na resenha.

    Beijos, Fran :*
    Natalia http://www.musicaselivros.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Boas sugestões e opiniões construtivas são sempre bem-vindas. Obrigada por sua visita!