Cedido gentilmente pela autora parceira do blog, Ju Costa, Agnus Dei é o livro resenhado de hoje. Peço perdão caso a resenha tenha ficado enorme, e agradeço àqueles que leram até o fim.


Título: Agnus Dei (A Idade do Sangue: Livro I)
Autor: Ju Costa
Edição: 1
Editora: Edição do Autor
Páginas: 352
Nota: 4 de 5

Quando o gênero sobrenatural se resume no vampiresco, muitos, atualmente, costumam ficar com o pé atrás. Isso talvez porque o mercado literário possua consigo um acervo de obras com essa temática, onde o modismo fez com que impetrássemos universos diferentes, com seres estereótipos dos mais variados tipos, sendo que muitos, infelizmente, não conseguem mais agradar.  Agnus Dei, primeiro livro da Trilogia A Idade do Sangue, escrito pela autora nacional indecente Ju Costa, também trata sobre vampiros, mas diferentemente de muitos enredos enfadonhos, esta obra surpreendente e criativa é aquela que com certeza você vai querer conferir. A não ser que você não curta um bom enredo sobre-humano.
Com uma premissa pouco reveladora, A Idade do Sangue pretende fazer com que o leitor acompanhe a jornada de vampiros antigos, monstros sedutores. Uma verdadeira jornada de recém-transformados, como nossa personagem principal, Julie, que, além de tornar-se peça principal na trama, de forma alguma se encaixa no papel de heroína. O enredo promete trazer a tona uma lente psicológica com um nível maravilhoso de verossimilhança em uma série de acontecimentos que são nada além de naturais, e é deste modo que somos apresentados a uma rede intricada de acontecimentos e fatos que vão do imprevisível ao extraordinário. Por afirmar, portanto, que até o momento a autora cumpriu o que prometeu.
 
Julie tem sua humanidade deixada por um fio após decidir fazer uma trilha em seu dia de folga. A jovem universitária, que tinha tudo pela frente, acaba presenciando acontecimentos estranhos a sua volta, até tornar-se, em uma sucessão de acontecimentos, numa vampira graças ao poderoso e sarcástico Maasi. Ela é então levada logo em seguida para a Ordem de Aset, uma organização que luta contra monstros e demônios dos mais variados tipos. No entanto, sua líder, Theresa Monte, não tinha a intenção de fazer de Julie um ser imortal... deste modo somos levados a um ciclo de acontecimentos que descrição alguma será capaz de definir.

Resumir o livro é um trabalho de alto nível, extremamente complicado. Apesar do acervo de personagens (só alguns foram citados até então, mas há vários outros no enredo), nenhum deles se torna o centro da história, e todos possuem vez na trama em um mesmo patamar de importância. Mas como minha função aqui é resenhar a obra, vamos ao que de fato interessa. Desde já, declaro: isso também não será nada fácil.

Dando continuidade ao quesito personagens, posso garantir que todos foram muito bem construídos. Característicos e bastante reais (e os diálogos são a prova disso), é perceptível em meio à leitura defini-los de forma instantânea. Porém, não se enganem, pois eles podem muito bem driblá-los e perfeitamente enganá-los com seus poderes de persuasão. Penso, no entanto, que a própria Julie deveria ser um pouco mais desenvolvida. Talvez isso ocorra nos próximos livros, mas a novidade de um mundo diferente e sua forma de adaptação à nova vida fez do início do livro um pouco mais morno, menos impactante. Só após longos fatos, a caçada por mais informações se tornou extremamente instigante. O livro, que é narrado em terceira pessoa, nos leva a todo o momento a lugares e locais diferentes, com dessemelhantes personagens. Nos momentos finais, inclusive, isso me irritou um pouco porque a sede por saber como seria o desfecho se torna insaciável. É difícil conter a ansiedade, pois toda a obra se mostra rica de informações, de novidades, de um mundo que não diz respeito só à fantasia... a realidade e questões reais também estão mescladas a ela, e a junção não poderia ser melhor, pois o final foi surpreendendo, servindo de ponte para a continuação a seguir.

Gostaria de esclarecer ainda que a Ordem de Aset não é a única organização mundial que combate os demônios. Existem outras quatro espalhadas pelo mundo, sendo uma delas a Agnus Dei, localizada no Vaticano. Esta, no entanto, não possui uma relação amigável com a Aset. Isso servirá para que muitas conspirações ocorram, ainda mais quando há o intuito de aplicar golpes e evidenciar seus únicos ideais. Outra coisa muito interessante, e que sob hipótese alguma eu poderia deixar de citar, é que temos toda uma explicação em meio a narrativa de como surgiu o primeiro vampiro e quem ele é. Também temos toda a história das reencarnações dos fundadores da Aset aplicadas de forma coerente na trama, e uma gama de explanações sobre os planos espirituais, e sobre o bem e o mal. Melhores partituras, diga-se de passagem.

O livro no geral é extremamente organizado, arrojado, com uma diagramação simples, porém sofisticada. Temos ainda algumas ilustrações inseridas em alguns capítulos, que resultam em um total de vinte e três. Esses desenhos são esboços de alguns personagens, que mostram de forma clara como ele seria na visão da autora, acredito. Algo bastante inovador e que com certeza deu um diferencial.

Enfim... Agnus Dei não trata apenas sobre vampiros, mas sim de mundos diferentes, de devoção e no que se deve acreditar, de organizações e de influência, de poder, da relação com o outro e em quem se deve confiar, de traição e, principalmente, conspiração. São pontos bem colocados em uma história de fantasia impressionante, de qualidade e que está aprovada em vários sentidos. Encontrei algo totalmente diferente do que imaginei, e ao fim da leitura vi uma obra em uma condição muito boa de ser apreciada (mesmo que ainda precise de uma nova revisão, coisa na qual a autora já está ciente), e que merece ser conhecida por muito leitor afora! Consentido e indicado!


– Então Deus e o Diabo existem?
– Mais ou menos. Eles não são entidades personificadas que influenciam direta e intencionalmente em nossas vidas. As últimas dimensões, na verdade, são apenas duas concentrações de poder diametralmente opostas. Entenda que tudo no universo tende ao Equilíbrio. Tudo no universo procura encontrar uma forma em que gaste menos energia.
Pág. 86

7 Comentários

  1. Eu estou "cansada" dessa de vampiros, lobos, fadas e blábláblá.

    E confesso meu preconceito quanto a literatura fantastica brasileira. Sei lá, acho dificil aqui alguém chegar a qualidade literariria, sei lá... da JK Rowling.

    Bjo,
    milalices.blogspot.com.br

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  2. Pena os erros de revisão, mas que bom que não compromete a leitura.
    Espero que sejam arrumados em breve, para não prejudicar um bom livro.

    Parabéns por esta resenha super bem detalhada.


    Boa semana!
    Bjos!!
    Cida
    Moonlight Books

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  3. Algo neste livro me repeliu totalmente, e não sei bem explicar o que é. Rs...
    Mas li a resenha, e digo que está um primor de redação!
    Parabéns! :n

    Beijos,
    Vini - Livros e Rabiscos
    http://www.livroserabiscos.com/2012/08/album-da-semana-34-electra-heart-de.html

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  4. Oi Fran :D

    A cada dia que passa percebo que o Brasil está possuindo bons escritores e com isso boas estórias. Agnus Dei, mesmo que eu ainda não tenha lido, pelo que pude perceber está fugindo da narrativa que estamos acostumados a ver quando lemos livros com temáticas "vampirescas".

    Parabéns pela resenha :))
    Beijos :*
    Natalia do blog ELL - Entre Livros e Livros (http://musicaselivros.blogspot.com.br/)

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  5. ei, já recebi o livro!
    enfim, é a segunda resenha que leio desse livro e me parece ser mt interessante. contar histórias de vampiros com isso de sociedades secretas/protetoras é mt legal!

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  6. Adorei a resenha, parabéns. Sobre o livro eu o ganhei e ainda não tive tempo de ler, porque minha lista de leitura está enorme! Porém, imagino que esse livro seja como outros diversos livros de vampiros e criaturas fantásticas, o mundo literário referente à terror aqui do Brasil, é realmente muito pequeno, também tem público pequeno, isso leva a alguns acharem que todo e qualquer livro referente a literatura fantástica seja como Crepúsculo. Adoro livros de terror, contos fantásticos, vampiros, lobisomens, dragões e outros, como fã de carteirinha desse estilo só tenho a dizer que espero muito do livro da Ju Costa, estou ansiosa para lê-lo tendo absoluta certeza de que ele é retratado nos livros de terror que já li, darei minha opinião em breve em meu blog, na resenha do livro Agnus Dei ^^. A propósito, estou a segui-la!
    Abraços,
    Fanie.

    PRATELEIRA DE BIBLIOTECA.

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  7. Ótima resenha, Fran. É sempre bom voltar a ler livros sobre vampiros que realmente matam e tem sede por sangue! HAUEHAUEHUAHE
    Uma coisa que eu acabei não gostando foram as páginas acinzentadas, que para mim atrapalham um pouco a leitura. Mas, tirando isso, é um excelente livro e vale a pena ter na estante!

    Beijos e bom final de semana!

    http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2012/11/resenha-agnus-dei-julianna-costa.html

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