De um lado é possível encontrar tradições teóricas em que prevalecem a imposição do erudito. Do outro, a acepção do popular, também definida como a cultura feita pelo povo e apreciada por ele. São essas constantes disputas existentes entre os gêneros tradicionais e massivos, independente do fenômeno, que refletem uma sociedade convergente. O desafio aqui, logo, é adaptar a compreensão sobre esses conceitos.

A cultura pop é uma construção e reprodução de modelos de referência da cultura erudita. Todavia, há uma forte resistência por parte dos elitistas conservadores, que criticam essas manifestações e os enquadram como uma subcultura; como uma cultura inferior. Assim, muitas dessas diversidades e expressões culturais não se tornam legítimas, tampouco respeitadas.

Talvez isso seja justificado pela experiência estética, que é a principal característica que difere esses dois elementos. A literatura de massa (também conhecida através do modelo best-sellers), por exemplo, sofre sérias restrições quanto a sua qualidade. Neste caso, críticos literários e leitores elitistas enquadram essa leitura como acrítica, de gratificações momentâneas, e feitas apenas para o lazer. 

Esses mesmo críticos fecham os olhos para uma realidade eminente: são justamente esses livros, essa subliteratura, os responsáveis pela difusão do hábito da leitura e, consequentemente, do impulso no mercado literário atual. Além disso, eles também se tornaram uma importante ferramenta na formação de novos leitores. Por isso, ao condenarem livros populares, e falando igualmente em um contexto mais geral, esses críticos contribuem para reforçar a imagem da cultura como um prazer sofisticado. Mas a realidade é que o mundo não é composto somente por uma elite intelectual e letrada.

Vale salientar ainda que o grande responsável pela massificação do fenômeno pop é a comunicação de massa, que atua na representação da sociedade, na padronização do comportamento social, e na influência dos modos de vida. São os meios de comunicação que proporcionam a criação de novos padrões culturais adaptados a modelos anteriores. Ou seja, a convergência provém da revitalização do primitivo com base no interesse da juventude em tempos modernos.

Portanto, a cultura pop é um gênero em mutação, que provém de referências primárias, mas que ganha uma identidade própria, com regras, formas e técnicas; com uma estética jovem. Não adianta afirmar que todas as novas expressões são representações equivocadas de uma cultura consagrada, pois estamos vivendo um momento oportuno à transformação dos gêneros, onde a cultura popular brasileira e qualquer outro modelo cultural podem se tornar culturas híbridas. E estas definitivamente merecem a atenção de estudiosos que se disponham a aceitar as transformações da sociedade contemporânea.


4 Comentários

  1. Concordo muito contigo, Fran. Acho muito triste ver alguém criticando a cultura pop. Claro que tem muito "lixo" por aí, mas também tem clássicos que não são lá essas coisas. Tento ser bastante eclética esse respeito, pois o que procuro são leituras que me entretenham e me façam refletir. Encontro isso nos best-sellers e nos clássicos, bem como as decepções. Mas acho que os grandes críticos deveriam começar a dar mais valor a cultura pop não só pelo fato de disseminar o hábito da leitura mas por muitas dessas obras sempre nos agregarem algo mesmo que não de forma explicita. Provando que de qualquer lugar pode sair um bom contador de histórias, e que não precisa ser um grande intelectual para ter algo a passar adiante. Excelente texto.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Oi Fran,
    Para mim, leitura tem q ser prazer. E me pergunto se esses criticos leem por que gostam, ou por manter essa imagem de estudiosos e cults.
    É bem o que vc disse: o habito de leitura geralmente começa com best-sellers. É necessário uma jornada até que se possa ler livros mais densos. E mesmo assim, eles devem ser lidos por entretenimento, e n por obrigação.
    Acredito q uma boa parte desses críticos n perceberam o qto o mercado mudou nos ultimos anos.
    Ótimo post.
    Abraço,
    Alê
    www.alemdacontracapa.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Fran minha linda dessa vez você caprichou na defesa da sua ideia e escolheu as palavras com cuidado. Confesso que li com bastante atenção para não perder nada.
    Com certeza muitos criticam a literatura de massa, mas esquecem que se não fossem elas muito não seriam leitores hoje.
    Acredito que tem espaço para todos os estilos e cada uma tem sua importância.
    Adorei a reflexão!!! Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!!

    ResponderExcluir
  4. Oi Fran,
    Que post interessante. Sabe que concordo muito contigo, em tudo que falou. Sinceramente não sei às vezes o que se passa na cabeça desses pseudo-intelectuais, como você mesma disse é através da cultura pop que acabamos arrecadando novos leitores. Acho que sim tem bastante coisa duvidosa, mas tem muita coisa boa por aí também. O que me dá nos nervos são as pessoas que realmente só querem saber de clássicos e não estão dispostas a abrir sua mente para o novo, sabe? Mas voltando ao assunto do post, sim acredito que temos que prestigiar os clássicos, porém também estarmos antenadas no novo é algo primordial.
    Beijos
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    http://leiturakriativa.blogspot.com.br

    ResponderExcluir

Boas sugestões e opiniões construtivas são sempre bem-vindas. Obrigada por sua visita!