O primeiro Drops Literário de 2015 traz um tema que eu particularmente adoro! Hoje iremos conversar um pouquinho sobre as mutações que a literatura clássica infantil vem sofrendo, tanto nas letras como nas telonas. Você já parou para pensar que esses contos estão ganhando cada vez mais adaptações pitorescas e deturpadas do real? Pois é! É exatamente isso que tem me chamado a atenção.


Drops Literário, inspirado no Book Blogger Hop das meninas do Murphy's Library, 
é uma coluna de opinião sobre assuntos relevantes para a blogosfera literária. 
Conta com a participação de um convidado, e não tem periodicidade definida.


Para quem ainda não sabe, a literatura infantil surgiu na Europa entre os séculos IX e X, cujas histórias eram transmitidas somente por meio de narrações orais. Somente no século XVII é que houve a preocupação de pôr em prática a produção de livros com enredos adaptadas da vida cotidiana criados pelos autores da época — que mais tarde se tornaram sinônimo da literatura infantil, como La Fontaine, Fénelon, Charles Perrault, Grimm e Andersen.

Parece-me que a ideia de adaptação não é algo do século XXI, afinal, assim como é evidente que a concepção de infância vem se modificando de acordo com a evolução da nossa sociedade. Mas é fato que existe uma constituição intensa de criação, gerando novos significados e ressignificações nas adaptações atuais. De que modo isso interfere em nossa concepção e, principalmente, na compreensão das crianças da nossa geração?

Para opinar a respeito eu convidei a Érika, do blog Relicário. Confira abaixo o que pensamos sobre isso, e não deixe se comentar acerca do assunto você também!

Era uma vez...
Érika: O que mais me intriga em termos de adaptação são as mudanças feitas na história, que por serem mais popularidade acabam sendo tomadas por verdade. Exemplifico: em O Mágico de Oz, os sapatinhos da Doroty são de prata (na história original), já o cinema a imortalizou com sapatinhos vermelhos por questões de estética. Esse é só um exemplo pontual, mas pode acontecer em coisas maiores. Claro que a própria noção de contos de fadas que temos hoje já é em si uma adaptação, já que os contos originais tinham a função de ensinar algo para as crianças da época, e não exatamente o "e viveram felizes para sempre". Também não dá para pensar em releituras vendo só o aspecto negativo, já que às vezes elas direcionam o público para a obra original. E para mim esse é o ponto chave nessa discussão, se temos o mesmo interesse pela obra original como temos pela adaptação; se buscamos enquanto leitor conhecer mais. E é também a minha dica para quem gosta do tema: sejam curiosos e busquem mais e mais sobre as histórias que te agradam.

Fran: Acredito que os clássicos infantis andam sofrendo um hibridismo cultural, já que a essência das histórias se unem cada vez mais às novas narrativas e aos cenários contemporâneos. Logo, se basicamente tudo tem evoluído, por que não os clássicos infantis?
Vejo essas adaptações não somente como alterações das narrativas de origem, mas também como um ajuste para a época em que estamos vivendo. Se prestarmos bem atenção, as histórias, ao longo do tempo, sempre foram repassadas de diferentes formas... algumas de forma mais simples, outras mais elaboradas. Talvez essa popularização tenha incomodado pela recorrente inovação ligada aos notáveis tocs de realidade, a exemplo da série Grimm, ou do filme A Fera. Mas eu penso que isso serve de incentivo para que busquemos, lá no fundo do baú, a verdadeira origem dessas histórias; para que possamos avaliar o que nos agrada e quais são os nosso favoritos no universo das fábulas.


Estamos aguardando a sua opinião!
Até mais!

5 Comentários

  1. Adorei o tema desse drops! Hahaha Concordo com muitas coisas que você e a Érika disseram, Fran. Gosto muito desse universo de contos infantis e muitas de suas adaptações, e confesso que muitas releituras mal feitas me irritam. Bem como aquelas más interpretações de que os contos se resumem a espera pelo príncipe encantado e "felizes para sempre", ou até culto pela beleza. Tenho gostado muito de adaptações que de uma forma ou de outra trazem a natureza desses contos de volta. Grimm e Once Upon a Time são minhas queridinhas. A propósito, adorei que colocou a foto do livro do Henry. ^^ Ótimo post.

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Oii,
    Adorei ler a opinião de vocês.
    Concordo com o que vocês disseram, principalmente o que a Éricka disse referente as mudanças feitas em adaptações, algumas tal vez não façam diferença, mas tem muitas que mudam um pouco o contexto. E o que acontece é que aquela geração passa a conhecer apenas aquela versão e esquece de busca a história original.
    O tema que você escolheram é muito bom, e tem muitas coisas para se dizer sobre ele!

    Beijos,
    Juh
    http://umminutoumlivro.blogspot.com/

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  3. Oi Fran e Erika. Bem interessante a proposta do post. Concordo quanto ao benefício de, ao lermos uma fábula adaptada, querermos ir em busca do material original, contudo, hoje em dia tudo virou muito comercial e digitalizado, o que impossibilita as crianças de sentirem a essência e simplicidade do verdadeiro Conto de Fadas. Que venha o próximo Drop. Abraços!

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  4. Oi Francielle!
    Estou batendo palmas até agora para quem criou o tema desse drops. Acho super interessante o universo da literatura infantil, vez ou outra acabo lendo um livro do gênero e simplesmente adorei o que você e a Érika disseram. Concordo em gênero, numero e grau!

    Bjs,
    Fernanda
    http://blogimaginacaoliteraria.blogspot.com.br/

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  5. Como você falou, os clássicos da literatura infantil que estão sendo adaptados são puxados de certa forma a se habituar a sociedade atual, ou seja, faz uma mescla de passado e presente. Ainda que a maioria tenha me desagradado, não abro mão de ver filmes/séries do gênero. Excelente post!!! Parabéns.

    http://cantinadolivro.blogspot.com.br/

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