Olá, queridos! ;)
Hoje trago uma resenha diferenciada, especial portanto. Trata-se de um dos livros de poemas de um dos meus escriotes preferidos: Paulo Leminski. La vie en close, livro póstumo de Leminski, possui em sua maior parte poemas inéditos e que foram editados e finalizados por Alice Ruiz, sua esposa por muitos anos. Espero que possam apreciar a grande obra e legado que ele nos deixou!
Título: La Vie en Close
Autor: Paulo Leminski
Edição: 5ª
Editora: Brasiliense
Páginas: 181
Edição: 5ª
Editora: Brasiliense
Páginas: 181
ISBN: 85-11-01244-3
Nota: 5 de 5
Nota: 5 de 5
“la vie en close
c´est une autre chose
c´est lui
c´est moi
c´est ça
c´est la vie des choses
qui n´ont pas
un autre choix”
“a vida de saída é outra coisa da vida
é ele
sou eu
é tudo
é a vida das coisas
que não têm mais
nem contudo”
É com o poema La Vie em Close que se faz a capa da obra de Leminski. Com elementos concretistas, movimento e com espaço pra paródia (música de Edith Piaf), se mostra que há consciência da finitude humana e que a transitoriedade da vida é algo inexorável ao ser humano.
A partir de uma publicação de poemas na revista "Invenção", parte integrante do movimento do concretismo, sua ligação a esse movimento não se desvinculou mais. Os concretistas divulgavam a ideia de que a dimensão formal da poesia deveria ser objeto de constante pesquisa e exploração. A criação poética tinha de possuir um padrão formal para que a exploração dos recursos visuais, verbais e sonoros fosse aproveitada ao máximo.
Leminski busca utilizar os recursos da linguagem como a melopéia (sonoridade) através de aliterações, rimas, trocadilhos... Além disso, a fanopéia (visualidade) dos poemas (a relação da palavra com a imagem) e a exploração da palavra coisa, ou seja, da ideia, da concretização, contruindo haicais (forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade) é marcar registrada na construção dos poemas de La Vie en Close.
A temática variada - social, política, existencial, metalingüística - encontra suporte ainda em outros traços formais que o autor herda da poesia modernista como a concisão, a irreverência, o humor, a ironia e a coloquialidade.
"O poeta Paulo Leminski sabia que tinha pouco tempo de vida. E foi ao encontro da morte com a mesma vitalidade demonstrada em toda a sua obra. Essas são constatações evidentes neste livro. Leminski demarcou com extrema coragem e lucidez a contagem regressiva de sua própria vida. Vários poemas estão carregados de pistas, algumas diretas, outras camufladas."
O exemplo do trecho acima se encontra no final do poema "Dor Elegante":
"ópios, édens, analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo o que me sobra
sofrer vai ser a minha última obra."
Alguns poemas da antologia de La Vie en Close:
SINTONIA PARA PRESSA E PRESSÁGIO
Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Sôo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
ESTUPOR
esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer
esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir
esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir
ÁGUA EM ÁGUA
pedirem um milagre
nem pisco
transformo água em água
e risco em risco
Tudo é vago e muito vário,
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço,
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso
AMOR BASTANTE
quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
E por fim, um exemplo de um de seus haicais:
Por hoje é isso :)
Ótima semana a todos!
confesso que passei muito tempo sem saber apreciar poesia. achava chato e sem sentido, sabe? mas, com um empurrãozinho de alvares de azevedo e fernando pessoa, estou conseguindo aos poucos hahah
ResponderExcluirUm livro de poemas
ResponderExcluirNão sou muito fã, mas já estou aceitando mais, já que tenho que interpretar alguns no meu curso...
Beijos
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