Recentemente eu decidi separar alguns dos meus livros para troca/doação. Optei, claro, pelos exemplares já lidos que não me farão falta. Não se trata de livros que eu não gostei, mas sim daqueles que por algum motivo eu não pretendo reler; que por algum motivo não é mais tão importante para mim; que por algum motivo às vezes eu até esqueço que tenho...

Mas, ao contrário de se permitir a fazer essa escolha, vejo muitas pessoas por aí bem apegadas materialmente por seus livros. Por isso resolvi escrever o porquê eu decidi ter esse pensamento e passar alguns dos meus adiante.

Alguns livros separados para troca/doação. Ainda existem outros dois que já se encontram nas mãos dos seus novos donos. Enfim, esse foi um baita desapego.

Quando pensei em criar um blog literário, percebi que além da vontade de compartilhar minhas experiências de leitura com outros leitores, essa atividade me renderia um belo desafio: difundir o hábito da leitura. Trata-se de dar a outras pessoas um mar de descobertas do qual eu vivencio todos os dias graças a literatura, mas que só sente quem realmente se deixa levar; quem experimenta.

E não há nada como experimentar coisas novas, não é mesmo? Entendi que transmitir essas novas práticas apenas através do blog não me daria a oportunidade de passar adiante aquilo que eu realmente acredito. Foi então que eu acabei percebendo que disseminar o prazer da leitura também poderia ocorrer por meio da doação ou até mesmo da troca de livros.

Eu seria hipócrita se dissesse que posso fazer isso com qualquer livro da minha estante sem sentir uma sequer dorzinha no coração. É óbvio que existem livros que você quer ter para a vida inteira, seja por ter favoritado ele ao término da leitura, seja porque alguém especial o deu de presente, seja porque ele foi escrito por um autor que você ama. Mas duvido muito que igualmente todos os livros da sua  coleção tenham essa mesma importância para você.

Com a troca tive a chance de dar a outros colegas a oportunidade de ler livros histórias que até então eles não conheciam (e que ele pode gostar até mais que eu), quando tive igualmente a chance de conferir algo novo. E com a doação (daqueles que não consegui trocar), pude exercitar o desapego, dar um novo roteiro de viagem a outras pessoas, e pude folgar um pouquinho a minha estante que quase sempre vive atolada pedindo por socorro.

Pode parecer clichê, mas livro foi feito para ser folheado, lido e apreciado. Não para ficar entulhado no meio de tantos outros como um objetivo de decoração sem uso. Não vamos permitir que a leitura, ou o consumo de livros, se torne uma competição de quem tem mais ou menos. Ler não é um símbolo de status, mas sim uma condição de vida.

Praticar o desapego pelo menos uma vez por ano não é apenas saudável como também é um exercício de cidadania. E, falando por mim, posso te garantir: você não estará perdendo nada, muito pelo contrário...


3 Comentários

  1. Que linda ação Fran, eu normalmente troco os livros que tenho e que já li mas não gostei tanto assim, ou que gostei mas não foi um favorito. E as vezes doo também, quando tenho algum livro que não tenho interesse de ler (e ganho em kits de sorteios, ou algo do tipo) e sei que alguém quer, aí vou lá e dou. Acho justo, e acredito que dessa maneira incentivamos um pouco mais da literatura.

    Mas não acredito que doou o quarteto das noivas ! kkkkk Acabei de comprar os ultimos três, e espero ler logo.

    Enfim, beijinhos.

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  2. Belas palavras, Fran. Confesso que há muito tempo eu tinha o desejo de ter e guardar todos os livros que lesse, mas a gente cresce e percebe que não é assim que funciona. Claro que sempre tem livros que queremos guardar por "n" motivos, mas tem sido cada vez mais fácil praticar o desapego. Ou ao menos intencionalmente, já que disponibilizo-os para troca no Skoob e demora até receber uma solicitação. Mas fico esperando. Teu post ficou ótimo e espero que inspire outros a fazerem o mesmo.

    Beijos!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  3. Amiga que máximo sua atitude. Fiquei pensando que vc realmente fez um ato de desapego, com livros novos (pouco tempo de lançados e em bom estado) por sinal. Eu até fiz algo semelhante um tempo atrás mas confesso que não eram livros tão novos, mas alguns clássicos que eu não pretendia ler mais, alguns do Paulo Coelho entre outros (doei para uma biblioteca no centro da cidade). Enfim acho válida essa atitude, parabéns viu!!!

    P.s. Também gosto de fazer meus livros andarem, então empresto aos familiares e amigos que tem cuidado no manuseio.

    P.s.2 vc conhece o projeto Brasil Exemplar (eles aceitam doação de livros nacionais).

    Leituras, vida e paixões!!!

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