O terceiro post da série "Literatura no Brasil" traz uma expressão que esteve diretamente ligado com o crescimento urbano do século XVIII nas cidades de Minas Gerais, principalmente Vila Rica (atual Ouro Preto): o Arcadismo. Suas principais características em relação ao conteúdo são o universalismo, a busca pelo equilíbrio, o antropocentrismos e ideias iluministas; quanto à forma destacam-se o vocabulário simples e direto, e o gosto pelos sonetos e decassílabos.

Ilustração. Fonte: Google.

Sobre o Arcadismo vale destacar que alguns escritores brasileiros desse século passaram a apresentar em suas obras aspectos um pouco diferentes dos prescritos pelo modelo importado de Portugal, deixando as poesias com um tom mais espontâneo e selvagem.
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

(In: Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de Cláudio Manoel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976. p. 63.)

Entre os autores árcades os principais são:
  1. na lírica: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga;
  2. na épica: Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Cláudio Manuel da Costa;
  3. na satírica: Tomás Antônio Gonzaga;
  4. na encomiástica: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.
Vamos conhecer alguns deles?

Cláudio Manoel da Costa (1729-1789), também conhecido pelo pseudônimo de Glauceste Satúrnio, é natural de Minas Gerais. Formou-se em Coimbra, onde se tornou advogado, administrador e escritor. Liderou o grupo de autores árcades mineiros e deu continuidade à tradição de poetas clássicos, o que fez com que sua obra se ajustasse melhor aos padrões do Arcadismo. Cláudio cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica, a temática em destaque era a desilusão amorosa, onde muitas vezes era apresentado o ideal da mulher inalcançável. Na épica, Cláudio escreveu Vila Rica, um poema que trata da descoberta e fundação de Vila Rica, e das revoltas locais.

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) nasceu em Portugal, mas veio ainda menino para a Bahia, onde estudou até a juventude. Posteriormente, fez o curso de Direito em Coimbra. Voltando ao Brasil, passou a viver em Vila Rica, onde conheceu Maria Doroteia de Seixas, uma jovem que passou a ser cantada por ele com o pseudônimo de Marília. E é assim que Gonzaga inicia suas atividades literárias, apresentando uma poesia mais emotiva e espontânea, próxima e real, com feições de pura verdade. Ademais, Gonzaga cultivou poesias líricas, reunidas na obra Marília de Dirceu (esse era o pseudônimo pastoral do autor); e as satíricas, reunidas nas Cartas Chilenas que satirizavam os abusos de poder e a frágil política brasileira, além dos desmandos administrativos e morais de Luís Cunha Meneses, que governou Minas entre 1783 e 1788.

Basílio da Gama (1741-1795) nasceu em Minhas Gerais, mas só completou seus estudos em Portugal e na Itália. Aliás, foi na Itália que Basílio construiu sua carreira literária, quando conseguiu ingressar na Arcádia Romana, na qual assumiu o pseudônimo de Termindo Sipílio. Sua principal obra foi O Uruguai, considerada a melhor realização no gênero épico do Arcadismo. Seu tema é a luta de portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas. O que mais se destacava em seus poemas é a descrição física e moral do índio, além do choque de culturas e a paisagem nacional.

Santa Rita Durão (1722-1784) foi um frei que nasceu em Minas Gerais, mas que só completou seus estudos em Portugal junto aos jesuítas, onde tornou-se teologista. Seu poema mais conhecido, Caramuru, revelava amor à pátria, e seguiu rigidamente o modelo camoniano (Camões), com mitologias cristãs e pagãs. No entanto, Caramuru é considerado um poema artificial e um retrocesso, próprio de quem leu sobre o país, mas não vivenciou o que descreveu. Isso porque Durão passou a maior parte de sua vida em Portugal.

Ademais, vale ressaltar que os principais autores do Arcadismo brasileiro, graças as ideais iluministas absorvidos fora do país, voltaram e usaram isso como base para agir contra o governo. Isso resultou na concretização da Inconfidência Mineira. E é isso. No próximo post da série iremos falar um pouco sobre o Romantismo e seus principais autores. Até lá!

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Referência: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza. Conecte: literatura brasileira. São Paulo: Saraiva, 2011.

2 Comentários

  1. Confesso que não tinha conhecimento sobre o gênero, Fran. Mas gostei de saber um pouco mais através da sua postagem. Realmente você está fazendo um ótimo trabalho em apresentar a literatura brasileira. :)

    Beijos!

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  2. Lembrei da novela Liberdade Liberdade, boa demais. Você está vendo!!!???

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