Em abril, o desafio dos 12 livros para 2016 (do qual estou participando) estabelece a leitura de uma obra nacional. Achei a oportunidade excelente para iniciar um 'especial' que venho querendo por em prática há meses, acerca da literatura no Brasil.

Serão dez posts somados ao de hoje (onde farei somente uma pequena apresentação) sobre o pouco que sei em relação aos diferentes estilos literários vividos pelo país desde a época do seu descobrimento. Provavelmente, não direi nada muito diferente do abordado em aulas de literatura para o ensino médio. Ainda assim, minha intenção não é dar aulas ou fazer resumos para o vestibular.

Aqui eu irei apenas relembrar (nas próximas semanas) alguns fatos de forma bem descontraída, tanto sobre os marcos de cada período, como também acerca das principais obras e autores que consolidaram a literatura no Brasil. E assim somaremos conhecimentos, juntos.

Representação do trovadorismo. Fonte: Google.

As manifestações literárias brasileiras deram início em 1500 graças às influências da cultura portuguesa. Por essa razão, antes de conhecer cada movimento literário e suas características, convém entender um pouco sobre a literatura em Portugal até o século XVI, uma vez que ela é a nossa grande referência (não preciso dizer que foram os portugueses quem descobriram o Brasil, não é?)

Os primeiros escritos da literatura portuguesa, datados no século XII, constituem a primeira época medieval, que mais tarde passou a ser conhecida como trovadorismo. Esse nome originou-se dos poemas que eram memorizados e difundidos oralmente, sempre acompanhados de instrumentos musicais. Os autores dessas cantigas eram os trovadores, que geralmente pertenciam à nobreza ou ao clero. Nas camadas populares eram os jograis quem executavam essas canções.

As canções foram cultivadas tanto no gênero lírico quanto no satírico, e acabaram sendo organizadas em quatro tipos. No gênero lírico: cantigas de amigo e de amor; no gênero satírico: cantigas de escárnio e de maldizer. Abaixo, uma breve descrição das características de cada um:
  1. Cantigas de amigo: Apresentam normalmente ambientação rural, e linguagem e estrutura simples. O eu lírico é feminino e há predomínio da musicalidade. Aqui o amor é natural.
  2. Cantigas de amor: Prendem-se a certas convenções de linguagem e sentimentos. O eu lírico é masculino e há ascendência de ideias. O amor é cortês e existe uma forte influência provençal.
  3. Cantigas de escárnio: Volta-se para a crítica de costumes. A linguagem normalmente é carregada de ironia e ambiguidades. Mas o nome do satirizado nunca é relevado.
  4. Cantigas de maldizer: Costuma identificar o nome da pessoa satirizada e faz-lhe uma crítica direta, em forma de zombaria. A linguagem aqui é mais grosseira e por vezes até obscena. 
Por nada mais prazer posso sentir,
ou pesar, se de vós me separei.
E se não mais no mundo os sentirei,
não vejo como possam conseguir,
senhora, meus sentimentos estremar
o bem do mal, o prazer do pesar.

(Cantiga de amor: D. Dinis, rei de Portugal. In: Cantares dos trovadores galego-portugueses)

A segunda época medieval, a partir do século XV,  foi marcada pelo renascimento, onde o mundo medieval transitava para o mundo moderno. Nesse período, a literatura consolidava a prosa historiográfica e o teatro. Enquanto isso, a poesia enriquecia-se do ponto de vista formal.

Durante a vigência do renascimento, movimento sobretudo inspirado nas ideias e nos textos da cultura clássica greco-latina, a literatura produzida passou a ser conhecida como classicismo ou quinhentismo. Desse grupo, destacaram-se os autores Dante Alighieri, Petraca e Boccaccio.

Vale destacar ainda que no século XVI, onde o classicismo entrou em consonância com o contexto histórico da época (tornando-se assim o terceiro momento mais significativo da literatura portuguesa), a fé foi substituída pela razão. Ou seja, o homem passou a ser o centro de todas as coisas.

Ademais, Portugal se tornou durante o período descrito até aqui um dos países mais importantes da Europa. E quem contribuiu fortemente para traduzir esse sentimento de euforia e nacionalidade foi o poema épico Os Lusíadas, de Luís de Camões. Camões foi um estudioso da cultura clássica, e, graças às experiências que viveu, conseguiu escrever diversos poemas líricos de grande influência.

Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu suma vingança;
E não se acabará só nisto o dano
De vossa pertinace confiança,
Antes em vossas naus vereis cada ano,
Se é verdade o que meu juízo alcança,
Naufrágios, perdições de toda sorte,

Que o menor mal de todos seja a morte.

(Os Lusíadas)

No próximo post da série "Literatura no Brasil", daremos uma pincelada acerca da produção literária no Brasil-Colônia, e sobre sua primeira grande periodização: o Quinhentismo. Até lá!
Abraços,


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Referência: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza. Conecte: literatura brasileira. São Paulo: Saraiva, 2011.

2 Comentários

  1. Que demais esse especial, Fran! Também estou seguindo (ou tentando) esse desafio dos 12 livros, e achei super legal você usar o tema do mês para fazer esse especial sobre nossa literatura. E a julgar pelo primeiro post será incrível. Ótimo texto.

    Beijos!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Amiga achei demais a ideia da coluna, eu até já tinha pensado em fazer algo semelhante lá no blog mas acabei ficando só nos planos. Mas por amar o assunto irei acompanhar tudo que você postar aqui. Tenho certeza que será ótimo relembrar e até conhecer fatos e informações que ainda não tive acesso. Desejo sucesso viu!!!
    Sonho em um dia conhecer Portugal, dizem que para amantes da história e da literatura é uma experiência sem igual. E como fomos colonizados por eles a origem da nossa literatura seria uma consequências dessa influência. Amei relembrar o Trovadorismo com você. Beijos e espero mais e mais!!!

    Leituras, vida e paixões!!!!

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