Título: O Árabe do Futuro*
Autor: Riad Sattouf
Edição: 2015
Editora: Intrínseca
Páginas: 160
ISBN: 9788580576931
Nota: 3,5 de 5

SINOPSE: No volume 1, Riad Sattouf, filho de pai sírio e mãe bretã, viveu uma infância peculiar. Ele tinha apenas três anos quando o pai recebeu um convite para lecionar em uma universidade da Líbia. Em Trípoli, o menino entrou em contato com uma cultura completamente distinta e precisou superar o estranhamento diante de novos costumes — experiência que se repetiria pouco depois na Síria, quando o pai foi trabalhar lá. Com o olhar inocente de uma criança, Riad oferece um importante relato sobre os contrastes entre a vida plácida na França socialista de Mitterrand e os regimes autoritários na Líbia de Kadafi e na Síria de Hafez al-Assad. A partir de suas próprias lembranças e sensações, o autor descreve como foi adaptar-se a realidades tão díspares e mostra detalhes de sua vida em família e da relação com outras crianças.

Comentários:

O relato literário em forma de graphic novel de Riad Sattouf é característico por seus traços simples, pela narrativa fluida e descontraída, e pela análise antropológica de diferentes culturas e ideologias. Trata-se de O Árabe do Futuro, uma trama divida em três volumes que veio para nos dar uma experiência de leitura descontraída e, ao mesmo tempo, desconfortante. 

A narrativa autobiográfica do autor começa em 1978 (o primeiro livro termina em 1984). Nessa época ele estava entre o segundo e o terceiro ano de idade. Antes mesmo da narrativa propriamente dita começar, Raid nos conta como seus pais se conheceram, ainda na faculdade. Ele é fruto de uma uma francesa com um sírio.

Vale destacar que o pai de Riad foi para a Europa à procura de melhores condições de estudo, já que seu sonho era se tornar doutor e, com isso, poder lecionar. Apesar disso, ele sempre se mostrara idealista e defensor da nação árabe, inclusive da educação, o que faz esse homem ser constantemente contraditório frente aos seus ideias. Detalhe que isso ocorre durante toda a história.

Assim que finalizou o doutorado o pai de Riad passou a buscar uma vaga de professor em diversas universidades... até ser aceito na Líbia como docente substituto. É assim que toda a família vai morar em outro país. Na realidade, essa é só a primeira parada, já que todos estão constantemente sujeitos à mudanças por conta do pai.

Em linhas gerais, o livro traz a visão de uma criança sobre a política, a cultura e os costumes de diferentes lugares, tudo contado com certo humor e veracidade. O menino não tem muita noção de certas coisas, como o porquê de vivenciar tradições tão desiguais. Mesmo assim ele é apático e obedece tudo que sei pai diz, e não apenas por ser uma criança, mas porque o pai é o seu herói. 

Minha nota implicou no fato de que existem muitas pinceladas políticas, e esse é o tipo de assunto que eu particularmente não me interesso tanto. Não que não seja interessante conhecer outros contextos políticos, independente da época, mas, neste caso, o fator 'gosto' falou mais alto. Para pessoas que não curtem discutir o assunto essa leitura pode soar por vezes enfadonha. 

Por outro lado, eu gostei bastante do humor ácido, das contradições, dos cenários, e, principalmente, por nos levar para uma realidade tão diferente da nossa a ponto de nos fazer refletir sobre o nosso país e a situação que estamos vivendo (quem em nada se compara a certos lugares).

Quanto as ilustrações, eu não sou uma leitora assídua de HQs e por isso não tenho tanta propriedade para comentar a respeito. Porém, eu gostei muito de tudo que vi, e achei que os traços não só se assemelham com ideia de infância como nos dão uma noção bem real dos lugares.

Recomendo aos fãs de quadrinhos, aos que curtem histórias que pautam outras nações, e a quem adora tramas sérias narradas com bom humor. Através do olhar do pequeno Riad nós iremos acompanhar uma realidade que não é comum de ser vista entre os best-sellers da vida.

*Cortesia cedida pela Editora Intrínseca.


2 Comentários

  1. Já tinha certa curiosidade sobre essas HQs e agora realmente quero ler, Fran. Primeiro que já é bastante incomum vermos biografias nesse formato, e outra que mostra uma realidade bem diferente da nossa. E com humor. Realmente preciso ler. Ótima resenha.

    Beijos!

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  2. Oi Fran!
    Eu não conhecia esse livros e na verdade achei a proposta bem interessante. Mesmo não sendo meu assunto favorito eu gosto dessas biografias que trazem o contexto político dos países... principalmente esse tão diferentes da nossa realidade.

    Beijos
    http://numrelicario.blogspot.com.br

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