Título: Objetos Cortantes*
Autor: Gillian Flynn
Edição: 2015
Editora: Intrínseca
Páginas: 254
ISBN: 9788580576580
Nota: 4 de 5

SINOPSERecém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente: cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida em sua cidade natal.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas. 

Comentários:

Objetos Cortantes é o primeiro livro escrito pela queridíssima Gillian Flynn, que aliás dispensa apresentações neste blog. Depois das leituras de Garota Exemplar e Lugares Escuros (nesta ordem), eu não poderia deixar de conferir de onde originou tanta fixação pelo assombroso... e assim eu aferi que a autora só amadureceu com o passar de suas criações literárias.

Na trama, Camille Preaker é designada a 'cobrir' uma sequência de assassinatos misteriosos que andam acontecendo em sua cidade natal. Aparentemente não há uma ligação entre as mortes, mas como ambas as vítimas (duas crianças) tiveram seus dentes extraídos, tudo indica que o responsável seja um assassino em série, ou serial killer. 

Devido ao âmbito de cidade pequena, e a quantidade de mortes, Camille imaginava que extrair as informações necessárias para a sua matéria não seria um bicho de sete cabeças. Até ela perceber que nem a delegacia do lugar estava progredindo com as investigação, negando, com isso, o fornecimento de qualquer dado novo.

Na tentativa de concluir seu trabalho, Camille é forçada a iniciar uma investigação própria, que caminha a passos lento graças à fontes que acabam se revelando pessoas meramente hipócritas e interesseiras. Isso faz com que ela precise estender sua passagem por Wind Gap (Missouri), e, especialmente, ter que lidar com sua complicada família - que a faz se sentir uma perfeita estranha em sua própria casa.

A princípio, acreditei que o climax da história estaria na resolução dos crimes, principalmente porque Camille (nossa narradora, aliás) não é nada empática. Na realidade, acho que só a Amy, de Garota Exemplar, foi capaz de passar certa simpatia, porque nem a Libby de Lugares Escuros era cativante. Parece uma característica das 'mocinhas' de Flynn, afinal.

Aos poucos fui percebendo que esse mistério só serviu como pano de fundo para um thriller psicológico muito mais intrincado e obscuro. E a fonte disso está na mãe e na meia irmã de Camille, que são pessoas extremamente perturbadas (e irritantes). São os dilemas da filha indesejada que fez as escolhas erradas, que vai revelando aos poucos qual o real dilema da trama.

O livro é muito bem escrito e, assim como os outros, é bem pertubador. A narrativa é fluída, mas o verdadeiro suspense demora a acontecer. Por se tratar de algo mais psicológico, isso não me incomodou tanto. Quanto ao desfecho, não o achei tão surpreendente assim. Somado a isso, todas as informações/explicações foram jogadas muito rapidamente, sendo assim difícil de digerir tudo de uma só vez.

Apesar disso, rendeu cenas finais bem interessantes e satisfatórias. Aliás, como toda a obra, pois mesmo as partes mais lentas foram necessárias para que fique claro de que modo a imperfeição da mente humana se apresenta, e a que ponto chegamos por coisas que, na realidade, não deveríamos forçar para acontecer. Elas simplesmente deveriam existir, sem intervenções.

Não é o melhor da autora, mas vale super a pena pelo conjunto da obra. O incrível envolvimento com a temática, e sua evolução nas obras seguintes fazem de Gillian Flynn uma expert no assunto. Por isso, recomendo para quem já é fã dela, para quem curte um bom suspense psicológico, ou para quem gosta de ler sobre como os humanos podem ser assombrosos. Você vai adorar!


*Cortesia cedida pela Editora Intrínseca.



3 Comentários

  1. Acho que Gillian Flynn é uma dessas autoras que depois de ler uma obra você quer ler todas, Fran. Sei disso porque depois de ler Garota Exemplar fiquei com esse sentimento. [rs] Acho que por ser a primeira obra mesmo com ressalvas a leitura se torna válida para conferir a evolução narrativa. E talvez o simples fato de ser uma obra menos extensa contribuiu para um desfecho rápido. Enfim, tenho que ler logo. Ótima resenha.

    Beijos!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Hey, Fran! Eu jurava que Garota Exemplar era o primeiro livro dela, já que faz um certo tempo que vejo o livro rodando blogosfera afora. Essa é mais uma daquelas resenhas que fazem a vontade de ler alguma obra do autor crescer. Esse ambiente cercado de mistérios e suspense fazem minha cabeça, sério. Me encantei e já quero ler.

    Visite: Cantina do Livro

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  3. Amiga vc ficou fã mesmo dessa autora. Que pena que esse livro não foi tão bom quanto os outros, mas que bom que conseguiu ler e formular sua opinião. Ainda não li nada da autora, mas gostei de ser informada sobre o que esperar de suas histórias por aqui.
    Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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