A Filha Perdida, de Elena Ferrante, foi uma das leituras que fiz em janeiro. Como prometido no último diário de leitura, vou falar de forma bem geral o que achei da história., já que o livro tem sido bastante comentado na blogosfera e youtube afora.

Apesar de estar sendo super bem comentada, confesso que, num panorama geral, a história não me comoveu. Em partes, confesso, porque eu encontrei algo um pouco diferente do que eu esperava (as nossas expectativas realmente influenciam muito). Mas não foi só por isso.

Ao longo da leitura fui tendo a impressão que a ideia de desmistificar a maternidade através dos conflitos pessoais (e familiares) da personagem Leda, transformou-se num transtorno pessoal que deixou a narrativa cíclica e sem rumo. As coisas simplesmente não caminham e o desfecho é repentino (se essa era a intenção, ok, mas esse rumo não me ganhou).

Por outro lado, as descrições da personagem sobre seus sentimentos traz importantes reflexões acerca dos papéis que queremos desempenhar em nossas vidas. No caso da Leda, ser mãe e esposa a impedia de viver seus reais desejos. 

Isso me incomodou um pouco, pois, mesmo não sendo mãe, eu vejo esse ato como uma dádiva, um milagre da vida (o que é totalmente contrário para ela). É também uma grande responsabilidade do qual você opta por ter ou não. Temos livre arbítrio para escolher o que queremos, portanto, se você não se encaixa em determinado perfil, então porquê seguir com aquilo? Parece que a vida gosta mesmo de nos pregar peças.

Sendo assim, e apesar das ressalvas, gostei do desconforto que senti. Estar no lugar de outra pessoa que pensa diferente de você te faz olhar sob uma nova ótica e te dá novas perspectivas. Isso é criar empatia.

Além disso, Elena Ferrante tem uma escrita verdadeira, impactante e sem floreios, capaz de provocar um inquietamento em meio a pensamentos (e julgamentos) que emergem a todo instante. Considero isso como algo super positivo.

Ademais, fica a recomendação para quem curte histórias sobre o retrato da maternidade. Leia sabendo que a abordagem aqui é acerca das incertezas e as dificuldades de uma mulher em viver esse papel, o que está bem longe de ser algo mágico.

Abraços!

Um Comentário

  1. Sabe que vi mais comentários descontentes com esse livro, Fran? Tenho que confessar que já não tinha me atraído muito, e ver que é uma leitura desconfortável não me anima muito. Ainda mais em meu momento atual. Mas acho esse tipo de discussão muito válida. Também considero a maternidade e a família como um todo dádivas da vida, mas também penso que nem todos nascem pra isso. Como você disse, temos livre arbítrio. Porém ainda hoje existe pressão da sociedade para certas coisas, incluindo a construção de uma família. E muitas acabam cedendo pra só mais tarde descobrirem que não era o que realmente desejavam. Enfim, é a sensação que tenho e me parece que é isso que o livro passa. Ótimo post.

    Beijos!

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