Olá pessoal, tudo bom? Estava com saudades de ler os comentários de vocês, e também de escrever para esse blog lindo. Fiquei afastada da coluna alguns meses por causa da escola (pra quem não sabe estou no último ano), e além de tudo tive que estudar para o ENEM, vestibulares, etc. Enfim, torçam por mim, viu? 

E pra compensar minha falta por aqui, resolvi falar de uma arte que eu simplesmente sou APAIXONADA, que são as histórias em quadrinhos. Vamos lá?


Literatura em Movimento: coluna que consiste em apresentar, argumentar e discutir de forma opinativa sobre os mais variados gêneros e movimentos literários existentes. 
Será ofertada mensalmente pela Rafa.

 

Entende-se por histórias em quadrinhos narrativas feita em desenhos sequenciais e diálogos ou falas curtas, geralmente dispostas em balões ao lado dos personagens ou acima deles. No entanto, há também quadrinhos feitos apenas com imagens sequenciadas, passando a mensagem sem a necessidade de palavras. Os quadrinhos surgiram ao longo do século 19, e o primeiro feito no formato padrão como conhecemos hoje foi o Yellow Kid (Menino Amarelo), do americano Richard Felton Outcault. O quadrinho de Outcault fazia alusão a imprensa sensacionalista americana.

Os quadrinhos se popularizam por serem publicados em jornais e livros. Aos poucos as tirinhas e cartoons também foram fazendo sucesso e ganhando mais e mais espaço, histórias de suma importância não só para o mundo dos HQ's como também para a cultura popular em geral. Como exemplo é possível citar o Gato Félix, de Pat Sullivan, e do Mickey Mouse, de Walt Disney. Tintin de Hergé, Betty Boop, de Max Fleischer e Tarzan, de Harold Foster. Buck Rogers e Popeye de Elzie Crisler Segar foram criados na década de 30, e influenciam a cultura até hoje. 

As histórias em quadrinhos – principalmente as de aventura – começaram a fazer tanto sucesso, que logo passaram a ser publicadas exclusivamente para revistas. Com a disputa da Segunda Guerra Mundial, também começaram a surgir os famosos Super Heróis dentro desse universo. O exemplo mais popular neste sentido é o Capitão América, vestido com as cores da bandeira americana que representa o militarismo e o patriotismo da América. 

Sou uma pessoa suspeita para falar de quadrinhos, porque eu sempre os adorei! Aprendi a ler com os quadrinhos da Turma da Mônica (que aliás leio até hoje, tanto os da Turma Clássica, como os da Turma da Mônica Jovem ), e sempre achei o mesmos interessantes justamente por serem feitos no padrão desenho-diálogo, diferentes dos livros que tem que se imaginar todos os personagens, paisagens e assim por diante. Todos os aspectos ''imaginários'' já veem prontos nos quadrinhos, e há quem diga que não gosta de quadrinhos por isso, por não ''ter o que imaginar''. Óbvio que por ter imagens prontas, ninguém precisa se dar ao trabalho de ficar imaginando personagens, etc e etc. Mas é por isso que eu acho os quadrinhos tão geniais! Embora pareça que está ''tudo pronto'', não está! É preciso sacar as piadas, críticas e ironias criadas pelos autores, principalmente quando se fala em tirinhas, o que muitas vezes acaba gerando muita confusão entre os leitores – afinal de contas, quem aí não acabou se confundindo e MUITO em alguma questão de imagens do ENEM?. Até mesmo nas histórias que parecem mais simples sempre tem algo que necessita a atenção do leitor.
 

Os Quadrinhos no Brasil
 
As histórias em quadrinhos no Brasil começaram a ser publicadas no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou caricaturas. Depois, se estabeleceria com as populares tiras. A edição de revistas próprias de histórias em quadrinhos no país começou no início do século XX. Mas, apesar do Brasil contar com grandes artistas durante a história, a influência estrangeira sempre foi muito grande nessa área, principalmente com o mercado editoral dominado pelas publicações de quadrinhos americanos, europeus e japoneses.

Os nomes mais conhecidos dos Quadrinhos Brasileiros sem dúvida são Ziraldo e Maurício de Sousa. Ziraldo é autor de quadrinhos como Pererê, O Menino Maluquinho e desenhista de diversos livros com parceria de outros autores. Já Maurício de Sousa é criador da Turma da Mônica, e acho que não preciso dizer mais nada.

1869 - AS AVENTURAS DE NHÔ QUIM, de Angelo Agostini.
Esse autor italiano, radicado no Brasil, lançou uma das primeiras revistas de nosso país, a Revista Ilustrada. Agostini também foi um dos pioneiros das HQ's. As Aventuras de Nhô Quim, publicada na revista Vida Fluminense, narrava as experiências de um caipira na cidade grande. E trazia uma novidade: histórias com um personagem fixo.

Uma coisa interessante que eu preciso ressaltar: embora muitas pessoas acabem associando o termo HQ aos quadrinhos americanos (Comics), HQ seria a sigla de História em Quadrinhos (e parece óbvio, mas nem todo mundo percebe). Outra coisa é o termo HQ ou ''Histórias em Quadrinhos'', que vai servir para qualquer história em quadrinho, independente do lugar do mundo que veio. Não importa se é Gibi, Comic, Mangá, Manhwa (as histórias coreanas), sempre será HQ. Mesmo que haja muita controvérsia entre os fãs sobre quando chamam um quadrinho japonês de gibi ao invés de mangá, teoricamente a pessoa não está errada, visto que no Brasil é entendível que quadrinhos sejam Gibi –  ou vão me dizer que vocês chamam falam ''book'' ou ''livre'' só porque determinado livro é inglês ou francês? Bem, acho que não né. É livro e fim, e a mesma coisa acontece com os HQ's.
Observação: Algumas informações do texto foram retiradas de livros, e outras de artigos na internet e do site da revista Mundo Estranho.


Por hoje é só. Mas em breve tem mais! Até lá!


Rafaela Lopes

Na última quarta-feira, dia 30, foi comemorado o dia nacional das histórias em quadrinhos. Considero o HQ um suporte fantástico que se classifica como um ótimo aliado no que se refere à hábito de leitura e habilidade de interpretação. Aposto que os quadrinhos fizeram parte da infância da maioria de nós, por exemplo. Talvez mais frequente para alguns, e nem tanto para outros, em todo caso, porém, eles se fizeram presentes.

Foto ilustração. (Fonte: google)

Lendo alguns artigos que tratam o suporte de uma forma mais séria e técnica, me deparei com uma classificação bem interessante. São categorias que apresentam os diversos caminhos que uma HQ pode trilhar fora de sua comercialização em bancas. Uma análise muito bem pensada, devo dizer. Gostaria, portanto, de compartilhar com vocês, apenas a título de curiosidade. Então vejamos...

  • QUADRINHOS DE INFORMAÇÃO EMPRESARIAL: Toda empresa necessita de um projeto de comunicação interna. Informações de organização, implantação de novos sistemas internos, Cipa (cuidados com acidentes do trabalho), projeto social da empresa e todo tipo de tema necessário. A linguagem dos quadrinhos é a mais significativa em estímulo à leitura. Atinge todo tipo de funcionário. Do mais simples ao diretor da empresa.
  • QUADRINHOS PARA SERVIÇO PÚBLICO: As empresas governamentais procuram implantar campanhas de saúde, de educação, de cunho social e outras informações que, geralmente, são distribuídas para a população mais carente.
  • QUADRINHOS PARA A ÁREA PUBLICITÁRIA: Campanhas de empresas direcionadas para os jovens e crianças são acompanhadas de personagens e historinhas que explicam sobre o produto à venda ou, simplesmente, buscam agregar valor ao produto. Campanhas em jornais e revistas também se utilizam de personagens de quadrinhos já conhecidos ou criados especificamente para esse fim.
  • QUADRINHOS PARADIDÁTICOS: São adaptações de livros famosos, biografias de personagens da história e textos diversos do currículo escolar desenvolvidas nessa linguagem.
  • QUADRINHOS JORNALÍSTICOS: Jornalistas que desejam publicar sua matéria em quadrinhos, como Joe Sacco, autor que criou uma série de reportagens quadrinizadas de suas andanças por guerras e locais de conflito.
  • QUADRINHOS TERAPÊUTICOS: Profissionais da psiquiatria e psicanálise podem desenvolver criação de quadrinhos em grupo como terapia de aproximação e entendimento de amigos, familiares e comunidades.
  • QUADRINHOS RELIGIOSOS: Várias publicações já foram produzidas para catequizar ou simplesmente difundir a vida de santos, crenças, seitas e grandes personagens religiosos, geralmente para buscar o interesse do público jovem e infantil.
  • QUADRINHOS NO DESIGN E DECORAÇÃO: A rica linguagem das HQs - com as onomatopeias, balões, grafismos de ação e personagens famosos - são inspiração constante para utilidades domésticas, decoração de ambientes e formas de design inovadoras e bem-humoradas.
  • QUADRINHOS NO CINEMA: Atualmente toda a parte de pré-produção, com desenhos de roupas, personagens e ambientes, é desenvolvida com desenhos para que o roteiro seja todo quadrinizado nos planos e na forma que o diretor de imagem deseja. O diretor de cinema Alfred Hitchcock já utilizava a quadrinização em cenas como a do filme ''Os Pássaros'', na década de 60. Os grandes filmes de heróis dos quadrinhos é que ainda levam multidões aos cinemas.

Isso é o que eu chamo de poder, hein? (rs) E olha que essas são apenas algumas das possibilidades da aplicação dos quadrinhos nas mais diversas áreas de atuação profissional. Enfim... espero que tenham gostado.



~*~

Gostaria ainda de aproveitar a oportunidade para divulgar o resultado da nossa singela promoção de 2 anos de blog. Agradeço a participação de todos, bem como os recadinhos carinhosos, tanto aqui no Universo como nas redes sociais. Meu muito obrigada!

E a vencedora foi...
a Dayane, do blog 'Conversando com a Lua'...  (:  parabéns! 


Entraremos em contato contigo para o envio dos marcadores + e-books.  :D
E é isso aê, pessoal. Até mais!  :*

Um dos best-sellers dos anos 2000 acaba de ganhar versão em quadrinhos. O romance O Caçador de Pipas em Quadrinhos (Editora Nova Fronteira, 136 páginas, R$ 39,90) é uma lindíssima HQ que apresenta por meio de ilustrações o drama que se passa entre Afeganistão, Estados Unidos e Paquistão.

A história é escrita por Khaled Hosseini e acompanha a vida de Amir, garoto que vive sua infância nas ruas da cidade de Cabul antes de ela ser invadida pelo regime Talibã. Seu grande companheiro de aventuras é Hassan, filho do empregado da família e com quem se diverte ao soltar pipas e contar as histórias que escreve.

A forte relação de amizade entre eles é abalada após grupo de jovens agredir Hassan em momento que acaba por redefinir o destino de ambos. Após muitos anos, Amir se vê obrigado a deixar os Estados Unidos para retornar para sua terra natal e tentar encontrar a paz que tanto deseja ao resolver questões do passado envolvendo o antigo amigo.

Os conflitos existenciais de Amir se refletem na dura missão de fazer com que seu pai se orgulhe dele. A busca pela aprovação influencia de maneira direta a amizade sincera com Hassan, uma vez que o garoto tem sua vida completamente mudada.

O tom sério e maduro apresentado pela trama é mantido nas páginas da HQ e nos diálogos dos personagens. Apesar do conto já ter ganhado versão para os cinemas em 2007, as imagens da publicação parecem não ter sido muito influenciadas pelo filme – embora algumas semelhanças surjam, já que foram baseadas em cenário real.

As ilustrações do projeto são assinadas pelos italianos Fabio Celoni e Mirka Andolfo. A dupla consegue lidar muito bem com a mescla de momentos alegres e dramáticos. As imagens ajudam a tratar certas cenas mais pesadas com a sutileza necessária que o livro talvez não consiga retratar. Destaque também para o trabalho de luzes e sombras que se misturam entre as pipas, casas, árvores, muros, mercados e até mesmo as ruínas da cidade.

Como toda adaptação, O Caçador de Pipas em Quadrinhos deixa para trás algumas passagens da obra original. Apesar dos cortes, o enredo da história criada por Khaled Hosseini em seu primeiro livro se mantém consistente o bastante para emocionar o novo público a ser atingido pela obra ilustrada.


Confira também a nossa resenha sobre O Caçador de Pipas e/ou a biografia de Khaled Hosseini.

As histórias em quadrinhos, enquanto literatura gráfico-visual, são dotadas de uma linguagem autônoma. Isso faz com que possuam uma espécie de intertextualidade com artes plásticas, cinema, literatura, música... Ao mesmo tempo, permitem uma abordagem de sua narrativa para questões de capacidade de interpretação, reflexão e análise do leitor e correspondem à exigência do leitor contemporâneo, ansioso por atrativos estéticos.

É claro que em comparação com uma narrativa, a estrutura é dotada dos mesmos elementos, posto que tem princípio, meio e fim. A diferenciação ocorre no fato de que as linguagens e sentimentos expressos, ao contrário da narrativa comum, são conduzidos de modo que é permitido "sentir" e ver de imediato a imagem daquilo que se é contado.

Criamos então uma questão que vale a pena ser abordada: se as histórias em quadrinhos permitem uma visualização e imaginação à "pronta-entrega", a Literatura, em si, não teria nesse sentido um papel mais importante no que se refere à imaginação?

É fato incontestável, porém, que a história em quadrinhos revela uma amplitude e vastidão de conteúdos ideológicos, mitológicos e sociológicos, contando com aspectos da modernidade. São suporte para uma escrita, cultura e uma diferente forma de divulgação de acontecimentos, sejam eles de quaisquer raízes através de meios visuais atrativos.

Os quadrinhos podem ser sim, ótimos aliados no que se refere à hábito de leitura e habilidade de interpretação, uma vez que tem o poder de envolver com palavras e imagens, ampliando horizontes e gerando também um campo de cultura. Vê-se aí uma necessidade de valorização e tratamento crítico à essa "ênfase" tão histórica, memorável e importante do nosso cotidiano.

O programa Entrelinhas, da TV Cultura abriu a discussão do título.
Confira! ;)