Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Edição:  1
Editora: Globo
Páginas: 256
ISBN: 9788525046444
Nota: 4 de 5

SINOPSE: A obra de Bradbury descreve um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. O livro conta a história de Guy Montag, que no início tem prazer com sua profissão de bombeiro, cuja função nessa sociedade imune a incêndios é queimar livros e tudo que diga respeito à leitura. Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma menina de dezesseis anos que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo, ele percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred. Ele passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a sociedade e encontrar sua felicidade.

Comentários:

Reflexivo e denso definem a genialidade da obra pautada. Uma distopia que ascende pensamentos assustadores na atual comunidade de leitores assíduos. Essa é a proposta de Ray Bradbury quando apresenta em Fahrenheit 451 uma sociedade onde a leitura é considerada pecaminosa e inaceitável.

Para o governo, provavelmente, ler era o mesmo que ter autonomia para contestar a gerência daqueles que os lideravam. Ter esse poder não era viável para os poderosos, portanto, a leitura, dentre todos os seus tipos e gêneros, era proibida, e o povo concordava e abarcava essa ideia (inevitavelmente. Ou não). Mildred, a esposa do protagonista Guy Montag, é o exemplo mais notório nesse sentido. Na trama ela passa grande parte do dia fixada nos programas televisivos (cujos personagens ela chama de ''parentes''). Inclusive, nessa sociedade há toda uma evolução tecnológica, pois até a TV tem o poder de interação com os telespectadores. Era persuasivo, alienador e deixava – nitidamente – insano o pensamento de qualquer.

Já Montag é um bombeiro dedicado. Seu trabalho é combater a leitura por meio da queima de livros, onde em sua maioria eram descobertos através de denúncias anônimas. Mas sua vida é  transformada após uma conversa com sua vizinha, Clarisse, que o confronta com várias perguntas e fantasias que ele jamais havia refletido antes. A jovem o faz cogitar sobre questões que envolvem a vida e o sentido da mesma, ainda que sem querer, e isso o deixa intrigado.

Já pensou um mundo onde todo e qualquer livro é proibido? Ou talvez um lugar onde a indústria televisiva visa a apresentação de uma sociedade feliz e sem preocupação ou problemas? Incômodo pensar nisso, não? Tornou-se uma enfermidade até para Montag, que ficou a beira da loucura ao ter suas ideologias postas à prova por ele mesmo; ao pensar que alguma coisa não estava certa em meio às regras ditadas, fazendo com que ele se rebele contra essas normas.

Montag, a partir de certo momento da história, passe a esconder livros em sua própria casa (justo ele que ajuda a condenar a leitura). A curiosidade para saber por que havia pessoas que se arriscavam tanto por causa do conhecimento, o fez passar por uma série acontecimentos que nos faz refletir sobre a nossa sociedade, sobre o futuro, e sobre o que é certo ou errado.

Bradbury trás de forma interessante uma sociedade massificada e totalmente alienada pela publicação de anúncios comerciais para o consumo sem a menor cogitação. Logo, a TV era ali o principal meio de comunicação e conhecimento, gerando um retrocesso na memória e linguagem das pessoas, a exemplo de Mildred. Deste modo, o livro é analítico, mas peca pelo fato de que, apesar de ter várias ideias incríveis, nem todas acabam sendo desenvolvidas com maior amplitude. Senti falta de uma maior abrangência em alguns acontecimentos. É tudo muito bom, mas tenho certeza que algumas coisas poderiam ser melhores exploradas, já que a proposta suscita muitas questões pensantes.

No geral, a obra é dividida em três etapas, e possui um texto de linguagem clara, futurista e instigante aos olhos de qualquer leitor. São bons os ganchos para os fatos que se seguem, apesar da história ser corrida graças a sua breve capitulação. O desfecho é tão satisfatório que chega a ser incrível. Maravilhoso pela particularidade empregada, de modo que nos faz crer que nem tudo está perdido (em nossa sociedade, sim). A dedicação de alguns e a esperança por um mundo onde a leitura é imprescindível nos põe em prova sobre nossas ações e sobre como alguns tratam o ato de ler.

Recomendo a trama sem medo de errar, e para qualquer tipo de ledor. Essa é uma distopia que todos deveriam ler, e não por conta do gênero, mas por sua singularidade e elementos que fazem parte de nós enquanto consumidores e, principalmente, leitores.


 Você precisa entender que nossa civilização é tão vasta que não podemos permitir que nossas minorias sejam transtornadas e agitadas. Pergunte a si mesmo: o que queremos neste país, acima de tudo? Não foi o que você ouviu durante toda a vida? Eu quero ser feliz, é o que diz todo mundo. Bem, elas não são? Não cuidamos para que sempre estejam em movimento, sempre se divertindo? É para isso que vivemos, não acha? Para o prazer, a excitação? E você tem que admitir que nossa cultura fornece as duas coisas em profusão.


Pág. 90


6 Comentários

  1. Adorei a proposta desse livro, Fran. Mais uma distopia pra minha lista. Estou lendo minha primeira agora, mas há muito que pretendo conferir. E por essa mostrar um governo que proíbe seu povo de ler, significa que não posso deixar pra trás. ^^

    Abraço!
    http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

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  2. Comprei esse livro e não vejo a hora de começar a ler!! Ainda mais depois dessa resenha!

    www.adolecentro.com/

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  3. Oi Fran!
    Eu li esse livro no início do ano e adorei.
    Acho que é um daqueles livros que depois de termos lido não imaginamos como poderíamos ter ficado sem conhece-lo.
    Não me lembro de ter achado de algumas coisas deveram em desenvolvimento. O que me lembro com mais clareza é de ler e reler alguns trechos, tamanho o impacto e a beleza do texto. Outra coisa que lembro que me marcou foi o vazio de Mildred.
    Em uma época em que distopias estão na moda, é bom lembrarmos do clássicos do gênero :)
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

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  4. Oi Fran.
    Eu adorei esse livro, achei ele super visionário e riquíssimo em informações, mas da mesma forma que você senti falta de uma maior exploração da história. Após ter lido o livro, te recomendo agora que veja o filme; tem suas diferenças quanto a obra original mas é uma obra belíssima e de mesmo valor.
    Beijos!
    De Frente com os Livros

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  5. Que foda sua resenha, eu nem li o livro mais pelo que escreveu consegui entender a história inteira. É engraçado como alguns fatos colidem com a nossa realidade atual onde qualquer coisa pode se tornar influenciavel, seja para o bem ou para o mal de uma pessoa. Acho que voce deve continuar assim com suas sresenhas, são as melhores que eu já li, vou torcer pra voce concorrer no prêmio de resenha do Ano. Boa sorte!

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  6. Já ouvi bastante sobre o livro, e vááários dos comentários e resenhas que li foram positivos acerca do livro.
    Adorei sua resenha, foi breve, porém completa, e me deixou bem curiosa para ler a obra :) Parece ser um livro diferente do que estamos acostumados a ler.

    http://autoracarolinaribeiro.blogspot.com.br/

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